| 05/02/2009 05h14min
Souza acordou diferente nesta quarta-feira, em sua casa, na Assunção, zona sul de Porto Alegre. Foi ao banheiro e olhou-se no espelho. No dia em que festejava 30 anos, decidiu que era hora de reflexão. Uma pausa numa semana agitada pelo Gre-Nal.
O meia conta que recordou a infância pobre na periferia de Maceió, os tempos difíceis nos juniores do CSA e o longo caminho por Botafogo, Guarani-SP, Portuguesa Santista e Libertad-PAR antes de brilhar no São Paulo. Em seguida, foi brindado com um beijo da mulher, Daniele, e o "Parabéns a Você" cantado pelos filhos Kevin, seis anos, e Giulia, três.
— A facilidade que tenho para me relacionar vem do tempo de dificuldades. Mal tinha onde morar, precisava ser carismático com todos para sobreviver. Hoje, tenho uma família linda e vivo para ela — diz Souza.
No dia do aniversário, Souza levou a mulher e os filhos ao Barrashopping para que comprassem seu presente. Como era surpresa, esperou-os no estacionamento.
Aproveitou para mandar lavar sua BMW
e conversar fiado com os funcionários da lavagem.
— Sou simples mesmo, não tenho frescuras — conta.
Souza festeja 30 anos em alta. É o destaque do Grêmio neste início de 2009. Credita o sucesso à readaptação ao futebol brasileiro e ao fato de começar a temporada com o grupo. Chegou em meio ao Brasileirão e atuou no meio, na ala e até no ataque. Neste ano, foi efetivado no meio.
— Em 2008, não tinha onde jogar mesmo. Agora, é diferente, peguei o ônibus na primeira parada e sentei na janela — brinca.
O balzaquiano Souza nega que a idade tenha domado sua língua. Jura que ela segue afiada. Só está mais calado em Porto Alegre porque ainda não foi provocado pelos rivais.
— Nunca fui de provocar, só de responder. Se alguém pisar nos meus calos, terá troco — promete.
Sobre o favoritismo no clássico, concede valor ao jogo de Erechim:
— Este Gre-Nal provará quem tem o melhor
time, até agora vejo duas equipes com a mesma força.