| 22/09/2008 11h06min
Um dos grandes artilheiros do Figueirense está deixando o futebol. Aos 34 anos e depois de marcar muitos gols com a camisa do alvinegro — 53 no total —, o atacante Genílson decidiu abandonar os gramados, como anunciou em entrevista ao repórter Helton Luiz, da CBN/Diário. Apesar de lembrar com carinho as glórias vividas no passado com o futebol, a realidade do esporte não vem satisfazendo o jogador. Natural de João Pessoa (PB), Genílson acredita que ainda poderia atuar por mais dois ou três anos, mas, segundo ele, hoje está difícil encontrar espaço no concorrido mercado da bola.
Na visão do jogador, a diretoria dos clubes prefere apostar em garotos para ter um retorno do investimento. Com isso, atletas mais experientes atuam pouco durante o ano e ficam esperando por meses por um contrato com algum time. Essa situação tem cansado Genílson:
— Infelizmente que eu não queria estar dando esta notícia neste momento. É um pouco difícil falar sobre isso, mas tem
que ser realista. As coisas
começaram a ficar difíceis, o futebol começou a dar prioridade para a garotada, para o futebol está mais interessante contratar um jogador mais jovem para conseguir um dinheiro na frente, um investimento. Eu sei que tenho condições de jogar pelo menos dois, três anos tranqüilo, mas não sou mais útil para os clubes. Na verdade, a gente sabe que tem condições de jogar, mas a diretoria dos clubes pensa mais no financeiro do que na parte do clube, da torcida. É decisão difícil, mas essa hora chegou, um pouco cedo, mas tem que ser realista e seguir bola para frente.
O futuro incerto de um clube para o outro nas últimas temporadas, além de ter que viver longe da família, pesou na decisão do jogador, que também passou por uma cirurgia no tendão de Aquiles, em 2004, que o deixou fora dos gramados por praticamente dois anos:
— Tomar essa decisão foi muito complicado, mas há dois, três anos que as coisas estavam do mesmo jeito: disputa um campeonato, fica dois, três meses
parado, aparecem coisas
que financeiramente não compensam, tem que deixar a família, se aventurar, tem clube que paga, tem clube com problema financeiro, atrasa salário. Isso tudo vai juntando e então chega uma hora que tem que decidir.
Além do Figueirense, onde conquistou o título estadual de 1999 — marcou na final contra o Avaí e foi o artilheiro da competição com 26 gols — e também o acesso à elite do futebol em 2001, Genílson defendeu outros clubes catarinenses, como o Marcílio Dias, Joinville e Avaí. Entre as diversas camisas que vestiu no Estado, o atacante não esconde a sua preferência:
— Tudo o que eu passei no futebol catarinense foi bom, não só no Figueirense, mas no Avaí, Joinville e Marcílio Dias. Todo mundo sabe que eu sempre tive um carinho muito grande pelo Figueira, nunca escondi isso de ninguém, alem de ser jogador, gostava de torcer pelo Figueira quando eu também fiquei fora. Quando eu entrava em campo pelo Figueirense era como agarrar um prato de comida. Sempre tentava
fazer o melhor, fazer
gols, que era o que eu gostava de fazer com a camisa do Figueirense. Sempre tive a oportunidade de jogar e de me destacar. A torcida sempre me apoiava e agradeço a todos eles. Quero aproveitar para mandar um abraço para todos os torcedores do Figueirense. Fico feliz de ter passado por aí, por ter vestido a camisa do clube com muito orgulho – agradeceu Genílson, que atualmente reside em São Paulo.
Entre os muitos tentos que anotou com a camisa do alvinegro, o atacante, que formou uma inesquecível parceria com Aldrovani (conhecida como “Genial”) no Scarpelli, lembrou, em especial, de um gol pelo Figueira:
— Tem um gol que marcou pra mim, não só por jogar pelo Figueirense, mas pelo nascimento da minha filha, que foi a maior alegria da minha vida. Foi o gol contra o São Paulo, no Scarpelli, em 2004, que ganhamos por 1 a 0. Eu fiz o gol, coloquei a bola debaixo da camisa pra fazer uma homenagem para a minha filha que estava nascendo. Foi um dos gols que mais marcaram a
minha passagem pelo
Figueirense.