| 16/09/2008 05h01min
É a matemática quem diz: o Grêmio não é mais o mesmo, apesar de ainda manter a liderança do Brasileirão. A derrota por 2 a 1 para o Goiás, sábado, a primeira em casa, confirmou a curva descendente do time no campeonato. Na opinião dos jogadores, a maior incidência de lesões e uma certa acomodação provocada pela liderança estão na origem da queda de rendimento.
No primeiro turno, ao final de seis rodadas, o Grêmio aparecia na segunda posição. Agora, com o mesmo número de jogos disputados, tem apenas o 10º desempenho entre os 20 participantes.
Capitão, o meia Tcheco teve como primeira reação, ontem, dizer que todos os times sofreram ou irão sofrer uma queda. Depois, aceitou apontar alguns dos motivos para as más atuações do returno.
— Evoluímos até um certo patamar e depois estacionamos. Pode ter havido uma certa acomodação. Acendeu a luz de alerta, mas não é o fim do mundo. Não podemos ficar achando pêlo em ovo — afirma.
A
exemplo do diretor de futebol, André Krieger,
Tcheco concorda que o esquema possa ter se tornado “um pouco previsível”. Segundo ele, um fator relevante é a maior disposição dos adversários, “que usam até de alguma virilidade”.
Inconformado com a falha no primeiro gol do Goiás, que o deixou acordado até a madrugada de domingo, o goleiro Victor vê a perda de concentração como outro fator para o desempenho insatisfatório no segundo turno.
— Mas não vamos ficar apontando nossos defeitos publicamente e dar armas aos adversários. Temos que conversar entre nós. Ainda somos o único time a depender das próprias forças para ser campeão — diz Victor.
A seguir, os motivos listados no vestiário do Olímpico:
1 — Uma certa acomodação devido à liderança.
A gordura acumulada na abertura do segundo turno fez a equipe relaxar. Os exemplos citados pelos jogadores são o primeiro tempo dos jogos contra o Flamengo (derrota por 2 a 1) e
Fluminense (0 a 0), considerados de baixa qualidade.
2 —
Maior incidência de lesões, o que forçou modificações no time-base, utilizado desde o início do Brasileirão.
Em seis partidas, quatro jogadores já se machucaram: Pereira, Willian Magrão, Perea e Reinaldo. Durante os 19 jogos do primeiro turno, os únicos casos haviam sido Felipe Mattioni, Léo e Reinaldo.
3 — Perda do poder de concentração.
Para o capitão Tcheco, o Grêmio passou a dar demasiada atenção à provocação dos jogadores de outras equipes, como Diego Souza, do Palmeiras, e parou de cuidar do próprio desempenho.
4 — Maior atenção dos adversários, que passaram a estudar mais o Grêmio.
A excessiva exposição do Grêmio na mídia, em conseqüência das boas atuações, alertou os treinadores das outras equipes para a necessidade de neutralizar as jogadas fortes, como a saída dos volantes, o apoio dos alas e
as bolas aéreas.
5 — Crescimento técnico dos outros times, que, como o Grêmio,
encontraram a formação ideal.
O Goiás é o principal exemplo citado pelos jogadores. Segundo Tcheco, com a chegada de Iarley, a equipe de Hélio dos Anjos se reorganizou.
6 — O equilíbrio natural do campeonato.
Na opinião de Victor, todas as equipes, a partir de agora, já sabem exatamente quais as suas pretensões no campeonato. Tanto os times ameaçados de rebaixamento quanto os que lutam pelo título aumentaram o nível de competitividade. No primeiro turno, a pressa em melhorar de posição não era tão grande como agora.
7 — Segundo o goleiro Victor, o time passou a falhar em bolas paradas, o que não era muito freqüente no primeiro turno.
Contra o Vasco, a equipe sofreu um gol em cruzamento aproveitado por Allan Kardec. Contra o Goiás, o primeiro gol sofrido pelo Grêmio surgiu de escanteio cobrado por Paulo Baier.
Victor lembra que time é o único a depender das próprias forças para ser campeão
Foto:
Valdir Friolin