O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, criticou nesta quinta-feira, dia 21, o comportamento fanfarrão do jamaicano Usain Bolt depois de vencer e quebrar o recorde mundial dos 100m e dos 200m nos Jogos de Pequim.

— Não é assim que um campeão deve se portar — disse Rogge.

O dirigente elogiou os incríveis feitos de Bolt, comparando o atleta ao lendário norte-americano Jesse Owens, mas disse que o jamaicano deveria deixar o exibicionismo de lado e cumprimentar os demais atletas.

— Não tenho problemas com o show que ele faz, mas, depois da chegada, deveria mostrar mais respeito com os outros competidores, não ignorá-los. Deveria trocar apertos de mãos, dar tapinhas nas costas e não fazer os gestos que fez quando ganhou os 100m.

Depois de abrir uma larga vantagem na final dos 100m, Bolt diminuiu o ritmo, olhou em volta, abriu os braços e bateu no peito antes de cruzar a linha de chegada e estabelecer 9seg69, o novo recorde mundial.

— A mensagem que ele passou foi: 'Me alcance, se puder.' Isso não se faz. Mas ele ainda é jovem e vai aprender — disse Rogge.

Bolt, que completa 22 anos nesta quinta-feira, conseguiu outra vitória impressionante na véspera, desta vez nos 200m. Novamente, mostrou pouco interesse em cumprimentar os adversários, se enrolou em uma bandeira jamaicana e deu, sozinho, a volta da vitória. Dançou ao som do reggae que invadiu o Ninho de Pássaro e repetia para as câmeras de TV:

— Sou o número 1! Sou o número 1!

Bolt tornou-se o primeiro atleta desde Carl Lewis, em Los Angeles-1984, a conquistar o ouro nos 100m e nos 200m, e o primeiro de todos os tempos a bater o recorde mundial nas duas provas em uma Olimpíada. Jesse Owens também venceu os 100m e os 200m, em Berlim-1936, e ainda foi campeão no salto em distância e no revezamento.

— Entre os velocistas, Bolt está em outra dimensão — reconheceu Rogge.

— Se continuar assim, é provável que deixe sua marca, como Owens. Só precisa amadurecer.