| 16/07/2008 08h55min
Excluindo-se eventuais excessos dos tablóides britânicos, as imagens de Ronaldo fumando e exibindo uma barriga assustadora apontam para um complexo e perigoso fundo psicológico. Algumas semanas de treino físico liquidariam o cinturão constatado nas fotos tiradas na praia de Ibiza, na Espanha. O complicado é lidar com a depressão.
– A parte muscular ele recupera rápido. Apesar de inativo, ainda é um atleta. O corpo responde logo. O problema é ele querer retomar a rotina de treinos em dois turnos. A questão central me parece ser psicológica – afirma o fisiologista Luiz Crescente.
Doutor em psicologia do esporte pela Universidade de Barcelona, Beno Becker ressalta o momento de fracassos que assola o jogador. Primeiro, a nova lesão aos 31 anos.
– Mesmo que de forma inconsciente, isto incomoda. Ele já não é mais visto como Fenômeno – diz Becker.
Para completar, o abalo na imagem de craque também com as mulheres: o
episódio do suposto encontro com travestis no Rio
de Janeiro.
– Foi um evento que tangenciou o campo da sexualidade. É muita coisa junta. A depressão traz ansiedade. Um chocolate ou uma cerveja a mais reduzem a ansiedade, embora depois aprofundem o processo – ressalta Becker.
Alguns amigos que o ajudaram no momento mais difícil da carreira, quando rompeu o tendão patelar do joelho pela primeira vez, se afastaram dele. Rodrigo Paiva, assessor de imprensa que civilizou as relações da CBF com jornalistas, era da equipe de Ronaldo. Não é mais desde as confusões surgidas durante o casamento telâmpago com a modelo Daniella Cicarelli. O fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé, rompeu relações com o ex-pupilo.
– Não tenho mais contato com o Ronaldo faz tempo. Não posso falar sobre ele – afirma Filé em tom seco.
– Ele parece ter perdido o prazer pelo futebol. Só isso explica a barriga e o cigarro para um atleta em atividade – diz o preparador do Grêmio, Humberto
Ferreira.
Mas vem de Paulo Paixão,
especialista em Ronaldo e homem repleto de títulos em clubes e na Seleção, a luz no fim do túnel. A saída pode passar por jogar no Brasil, para retomar o sentido de "fera ferida" :
– Naquela vez, a cirurgia também foi feita na França, mas a recuperação ocorreu no Brasil. Se ele fosse ficar com a gente na Seleção eu te diria: ele volta. Se vingasse esta chance de acerto com o Flamengo, eu te diria: ele volta. Agora, se ele achar que a vida está boa assim, que já fez tudo no futebol, bom, aí não dá. Mas eu acredito.
O jornal inglês The Sun vem seguindo de perto Ronaldo em suas férias na Ibiza, Espanha
Foto:
Reprodução, The Sun