| 01/04/2008 05h16min
Um tanto fora de moda numa época em que as imagens de jogos cruzam o mundo em segundos, por televisão ou internet, os espiões seguem na ativa no futebol.
Leitor-espião: ajude a Dupla Gre-Nal na Copa do Brasil
Zé Teodoro, técnico do Atlético-GO, o adversário do Grêmio desta quarta-feira pela Copa do Brasil, estaria se abastecendo dos serviços de Roberto Moreno, o Robertinho, auxiliar do técnico do Inter Abel Braga.
Robertinho nega ser o informante do clube goiano. Segundo ele, data de 2007 o seu último contato por telefone com Zé Teodoro. Naquele ano, o técnico trabalhava no Avaí e pediu, sem
sucesso, o empréstimo do zagueiro Danny Morais.
— Deve ser alguma brincadeira. Eu
trabalho para o Inter, não para o Zé Teodoro. Só faltava essa. Vou tentar descobrir o telefone e ligar para ele — reagiu o auxiliar de Abel.
Zé Teodoro, no entanto, não confirma que os diálogos sejam tão espaçados. Em entrevistas a rádios de Porto Alegre, logo após ficar confirmado o cruzamento com o Grêmio, confirmou que iria pedir informações a Robertinho. Domingo, após a vitória de seu time por 4 a 1 sobre o Mineiros, pelo campeonato goiano, revelou que a espionagem já dura pelo menos um mês. Ontem, admitiu conversar com regularidade com o auxiliar de Abel, "mas apenas para trocar idéias".
Aos 44 anos, Zé Teodoro afirma que tem recebido teipes dos jogos do Grêmio, providenciados por amigos residentes no Sul. Têm sido úteis, também, os contatos mantidos com amigos gaúchos pelo preparador físico do Atlético-GO, Guilherme Rondon, que trabalhou em Porto Alegre.
— Ninguém mais é bobo no futebol. Todo mundo estuda todo mundo. O próprio Grêmio mandou
assistir a um jogo nosso recentemente
— comenta o técnico.
Verdadeira ou não, a informação sobre espionagem foi recebida com bom humor no Olímpico.
— Isso não é de hoje. Essa rivalidade é histórica, existe desde que Grêmio e Inter foram criados. Mas, se espião ganhasse jogo, o time do 007 e o do Sherlock Holmes seria campeão de tudo — disse o meia Roger.
Indiferente a ação de espiões, o técnico Celso Roth comandou ontem, com portões abertos, o último coletivo antes da viagem para Goiânia. Exigiu que os titulares marcassem desde a saída de bola dos reservas.
Outros casos de espionagem no futebol
> Foi por causa de um espião que o técnico Mano Menezes adotou os treinamentos
secretos. Dia 27 de julho de 2005, véspera do jogo contra o São Raimundo, pela Série B, ele mandou fechar os portões do
Olímpico. Queria evitar que o treino fosse visto por Sérgio Winck, irmão do técnico da equipe de Manaus, Luiz Carlos Winck.
> Dia 15 de junho de 2001, às vésperas da decisão da Copa do Brasil, Cléber Xavier, auxiliar de Tite no Grêmio, foi flagrado por seguranças ao espionar um treinamento do Corinthians no Parque São Jorge.
> Oficial aposentado da Marinha, Jairo dos Santos atuou como espião da Seleção Brasileira em todas as Copas do Mundo, a partir de 1978. Seus relatórios costumavam variar de 60 a 80 páginas.
> Na Libertadores de 2007, Arce, ex-lateral do Grêmio, passou informações ao clube gaúcho sobre o Cerro Porteño, o primeiro adversário na competição.
Roger ironizou a possibilidade de o Atlético-GO contar com a ajuda do auxiliar de Abel
Foto:
Arivaldo Chaves