| 19/03/2008 10h26min
Em entrevista por telefone, o deputado estadual Miki Breier (PSB), autor do projeto de lei que proíbe o álcool em estádios e ginásios gaúchos com mais de cinco mil lugares, explica que o objetivo da proposta é separar o consumo de bebida do esporte. Segundo o parlamentar, a medida deve permitir que as famílias voltem a freqüentar os estádios e ginásios.
Zero Hora — De onde surgiu a idéia?
Miki Breier — Estive em um jogo no Maracanã e vi que lá só era vendida cerveja sem álcool. Mesmo assim, a festa dos torcedores foi maravilhosa. Então me informei e tomei conhecimento de que em outros estádios brasileiros, como o Morumbi e o Mineirão, já havia uma proibição, assim como em outras cidades
sul-americanas e da Europa.
ZH — Qual o principal
argumento usado pelo senhor para convencer os colegas a aprovarem a proposta?
Breier — Foi o argumento da prevenção da violência, principalmente nos estádios. Em muitos deles, vemos acontecer momentos de selvageria, inclusive com pessoas perdendo a vida.
ZH — Seu projeto prevê a proibição apenas dentro dos estádios. Não seria necessário também proibir no entorno?
Breier — Não inclui isso porque achei que seria muito complicado fazer a fiscalização. Mas, na regulamentação, o governo estadual poderá incluir, quem sabe determinando horários antes e depois das partidas e também delimitando áreas.
ZH — Alguns deputados que votaram contra alegam que os clubes pequenos do interior precisam do lucro da copa. Como o senhor vê essa situação?
Breier — A copa vai continuar funcionando. Não estou fazendo uma cruzada contra o álcool. Só quero o afastar do esporte. Os clubes não
podem basear sua receita na venda de bebidas.
ZH — O
presidente do Inter, Vitorio Piffero, questiona se a proibição será estendida a outros eventos, como rodeios. Poderá ser?
Breier — Há uma tendência mundial de proibir o álcool em locais e eventos com grande concentração de pessoas. Mas temos, aqui no Estado, uma cultura ligada à bebida alcoólica. Mas estender essa proibição pode ser, sim, um próximo passo. Outros debates são importantes e necessários.
ZH — O senhor freqüenta estádios?
Breier — Sim. Vou regularmente ao Estádio Olímpico. Assisto a quase todos os jogos do Grêmio em Porto Alegre. E meus dois filhos, que têm 16 e 19 anos de idade, também vão.
ZH — O que eles acharam do seu projeto?
Breier — Eles disseram que alguns colegas e amigos não gostaram muito da idéia. Mas temos que enfrentar algumas coisas para ter uma melhor qualidade de vida.
Para Miki Breier, redução de consumo de bebidas alcoólicas trará famílias de volta aos estádios
Foto:
Paulo Dias, Divulgação