| 18/03/2008 13h01min
A onda de protestos e violência que assolou o Tibete no último final de semana ameaça prejudicar a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim. Nesta terça, o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Hans-Gert Poettering, sugeriu que os principais líderes da Europa boicotassem a cerimônia de abertura do evento.
Poettering disse que é muito cedo para dizer como as coisas irão terminar e que “é necessário ter todas as opções em aberto”. O presidente do Parlamento Europeu, membro do partido conservador União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler alemã Angela Merkel, disse que a Europa precisa tomar uma posição:
– Não podemos concordar com aquilo que está acontecendo no Tibete. Os chineses devem saber disso. Precisamos dizer aos chineses que, se esta repressão continuar assim, haverá uma reação. Os representantes políticos que querem ir à China para assistir à abertura dos Jogos deverão se perguntar se uma viagem dessas irá representar um comportamento responsável – disse Poettering.
RSF também quer boicote
A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também pediu aos chefes de Estado e de Governo de todo o mundo que boicotem a cerimônia de abertura dos Jogos, marcada para o dia 8 de agosto, em protesto pela situação dos direitos humanos na China.
A entidade, que defende a liberdade de imprensa em todo o mundo, afirmou que a China não cumpriu nenhum dos compromissos que assumiu em 2001, quando foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, e pediu aos líderes um gesto para mostrarem sua desaprovação com a situação.
A ONG disse que o boicote aos Jogos “não é uma boa solução”, pois privaria os atletas de uma grande competição esportiva, mas ressaltou que seria “escandaloso se não expressasse de forma firme o desacordo com a política governamental chinesa” diante das “milhares de vítimas deste regime autoritário”.
O secretário-geral dos RSF, Robert Ménard, também criticou duramento o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, ao qual chamou de Pôncio Pilatos por não transferir às autoridades chinesas as exigências dos defensores dos direitos humanos.
– Há meses entregamos a Rogge uma lista de cerca de 30 dissidentes (presos) para que a faça chegar às autoridades chinesas e ele não fez isto. Não obtém resultados, pois não pede nada – afirmou.
Ménard pediu aos atletas que estiverem em Pequim que façam gestos em favor dos direitos humanos na China. Como exemplo, afirmou que gostaria que um medalhista mostrasse no pódio uma bandeira do Tibete.
COM INFORMAÇÕES DA AGÊNCIA EFE E DO GLOBOESPORTE.COM.
Em frente à embaixada da China em Paris, manifestante exibe cartaz contra a realização da Olímpiada em Pequim
Foto:
Michel Euler, AP