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 | 18/03/2008 10h30min

Polícia chinesa busca envolvidos em manifestações pró-Tibete

China enfrenta críticas por não permitir entrada de jornalistas na região de conflito

A polícia chinesa revista todas as casas da cidade de Lhasa para deter suspeitos de envolvimento nas manifestações dos últimos dias, denunciaram dissidentes tibetanos, enquanto em Pequim o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, acusou o Dalai Lama de instigar a revolta. Segundo a rádio Free Asia, policiais detiveram centenas de pessoas, entre elas, ex-presos políticos, desde o fim de semana até a noite da última segunda-feira, logo que terminou o ultimato dado pelo governo da China aos que participaram dos protestos.

Após o fim da campanha do governo que garantia clemência aos que se entregassem e punições severas aos que não o fizessem, o esforço se concentra na busca dos líderes das manifestações, tanto em Lhasa, capital da Região Autônoma do Tibete, como nas províncias vizinhas de Sichuan, Gansu e Qinghai, onde também aconteceram protestos. A emissora Free Asia citou o depoimento de uma moradora de Lhasa que afirmava que a situação melhorou um pouco no último dia:

— Muitas pessoas saíram para comprar comida, mas a polícia está armada, de guarda nas ruas e faz operações aleatórias.



Imprensa

A perseguição também se estendeu aos jornalistas que trabalham na região, já que o Clube de Correspondentes Estrangeiros da China disse que pelo menos 25 profissionais foram expulsos do Tibete apesar da promessa das autoridades de uma abertura, por causa da realização dos Jogos Olímpicos de Pequim. Tanto esta entidade quanto a organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenaram energicamente a proibição de entrada no Tibete imposta aos jornalistas estrangeiros, vigente há anos.

Perguntado a respeito, o primeiro-ministro chinês afirmou que a China analisa a possibilidade de convidar jornalistas estrangeiros para visitarem a região em breve para conhecerem a "realidade dos fatos". Por outro lado, Jiabao classificou a atitude do Dalai Lama de "hipócrita", por defender o diálogo pacífico e ao mesmo tempo "promover atos violentos".

— Não é preciso levar em conta apenas o que o Dalai diz, mas também o que faz — acrescentou em entrevista coletiva, repetindo mais uma vez que o líder tibetano é o responsável por incitar as revoltas de Lhasa e os protestos contra representações diplomáticas chinesas em todo mundo.

Diálogo aberto

Na única entrevista que concede a cada ano, ao final da sessão anual da Assembléia Nacional Popular (Legislativo), o primeiro-ministro chinês disse que as acusações de "genocídio cultural" lançadas pelo Dalai após a repressão da revolta "não são mais que mentiras". Ele afirmou que a China "continuará apoiando o desenvolvimento e o progresso do Tibete e das pessoas de todas as etnias", além de assegurar que "nada ofuscará a posição chinesa". No entanto, Jiabao afirmou hoje que a porta do diálogo com o líder religioso e espiritual tibetano "continua aberta", mas assim que este reconhecer que Tibete e Taiwan são parte da China, esclareceu.

Apesar da oferta, o Ministério de Assuntos Exteriores da China afirmou nesta terça-feira que "é o Dalai Lama quem deve ser investigado" por sua suposta responsabilidade nas revoltas que aconteceram nos últimos dias em Lhasa diante dos pedidos da comunidade internacional para uma investigação sobre os graves episódios no Tibete. Os protestos da semana passada em Lhasa e outras cidades da China deixaram 13 mortos e 60 feridos, segundo as autoridades chinesas, enquanto o governo tibetano no exílio aumenta o número de mortos para mais de 100 indivíduos.

EFE
AP / 

Carros da polícia chinesa foram queimados em frente ao edifício governamental em Maqu City, na província de Gansu
Foto:  AP


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