| 07/03/2008 10h07min
Há 300 dias, a Chapecoense recebeu do Inter B as faixas de campeã estadual. Perdeu de 1 a 0 numa noite fria, mas mesmo assim a torcida curtiu a visita. A paixão dos gaúchos locais e dos seus descendentes pela Dupla explica a agitação na cidade com a volta do Inter (agora com titulares) ao Estádio Índio Condá pela Copa do Brasil. O primeiro Gre-Nal de 2008 será no oeste catarinense.
A expectativa pela visita do Inter começou quando a CBF sorteou as chaves da Copa do Brasil. A 423 quilômetros do Beira-Rio, colorados de Chapecó ansiavam por ver ao vivo Fernandão e companhia.
A mobilização, porém, começou quarta-feira. Logo após o 0 a 0 da Chapecoense com o Guarani, em Campinas, colorados e gremistas colocaram a cidade para ferver.
– Pegar o Inter aqui era tudo que queríamos – festejou Marcos Carini, presidente da Torcida Raça Verde.
Carini e mais 30 torcedores chegaram a Chapecó no final da tarde desta quinta, depois de 18 horas de ônibus desde Campinas. Quem ficou na cidade, festejou a vaga na Avenida Getúlio Vargas e ontem desfilava com a camiseta do time.
– Às 8h já havia gente na sede do clube atrás de informações sobre ingresso – contou o gerente de futebol da Chapecoense, Carlinhos Almeida.
O telefone da sede não parou de tocar. Torcedores pediam ingressos para excursões de Pato Branco, no oeste paranaense, Nonoai, no norte gaúcho, e de municípios de Santa Catarina. Pouco importa o preço: R$ 50, R$ 70 e R$ 100. Os colorados terão direito a mil ingressos. O clube espera oficialização da data da partida para começar a venda.
– Segunda-feira teremos mais informações – avisou Almeida.
Devido à influência gaúcha na região, torcedores da Chapecoense também torcem pela Dupla. O estudante Fabrício Gastaldon, por exemplo, é colorado, mas ontem vestia a camiseta verde do time da cidade:
– Torcerei pela Chapecoense aqui e pelo Inter no jogo lá do Beira-Rio.
O gremista Leandro Souza Machado deixará o azul no armário. Não será possível usar camisetas da Dupla na torcida local. O presidente da Associação dos Gremistas de Chapecó, Assis Mafessoni de Oliveira, sugere que usem a da Chapecoense.
Bar vermelho
Em Chapecó, não há um bar específico para o time da cidade. Mas há um exclusivo para os colorados. É o Bar do Boca, situado na Avenida Getúlio Vargas. Criado há sete anos, é ponto de encontro dos torcedores em dias de jogos do Inter. Foi lá que a torcida catarinense comemorou a Libertadores e o Mundial em 2006. Para a decisão em Yokohama, um espaço para 350 pessoas, foi construído. É o Galpão Colorado.
O proprietário, Osmar Karasek, o Boca, é catarinense de São Domingos. Filho de gaúchos, virou torcedor do Inter por influência de um tio. Só que no seu caso a paixão recrudesceu. Seu bar é temático. Nas paredes, cerca de 60 quadros e banners contam a história do clube - o último a ser afixado foi o pôster da conquista em Dubai. Há espaço para fotos de ídolos, como Dunga e Figueroa. Karasek é sócio do Inter, mas as responsabilidades com o bar tornam suas idas ao Beira-Rio espaçadas.
– Quando o jogo é bom tenho que cuidar do bar – explicou.
O guarda-roupa do comerciante é monocromático. Só camisetas do Inter são 16. Mesmo quem não torce pelo Inter é obrigado a usar vermelho.
– Funcionários, mesmo os que torcem para outros times, devem seguir a regra.
Colorados de municípios vizinhos já combinam parada no Bar do Boca antes de ir ao Índio Condá ver o Inter.
Osmar Karasek, o Boca, (no meio). José Ferreira, chaveiro, torcedor da Chapecoense (E) e José Marcos Sabino, torcedor da Chapecoense e do Grêmio (D)
Foto:
Raquel Heidrich