| 05/03/2008 06h53min
No primeiro fim de semana de novembro de 2007, Sorondo e Ji-Paraná deixaram de ser apenas companheiros de equipe. Tornaram-se parceiros de uma rotina repudiada pelos jogadores. Os lances de bolas divididas em campo foram substituídos por muletas, proteções ortopédicas, repouso e fisioterapia.
Ambos romperam os ligamentos do joelho. O volante lesionou-se na perna direita num treino. No dia seguinte, foi o zagueiro quem sentiu a articulação oposta, a esquerda. Após quatro meses de visitas quase diárias ao departamento médico, a dupla agora está na fase de corridas. O pior já passou, mas não tem sido fácil suportar o afastamento dos jogos e dos treinos com o grupo.
— Às vezes é chato. É preciso estar bem com a cabeça — diz Sorondo.
E olha que nenhum dos dois é um novato em recuperações. Em 2006, quando defendia o Charlton, o uruguaio sofreu um carrinho por trás e bateu as costas no chão. Sentiu dores, mas permaneceu em campo. No dia
seguinte, um exame apontou contusão numa das
vértebras da coluna. Ficou dois meses e meio parado, os primeiros dias em repouso absoluto. No caso de Ji-Paraná, uma ruptura do músculo da coxa em março do ano passado também o deixou três meses longe dos campos.
Hoje, os dois dedicam o tempo livre à família. Ji-Paraná reserva os fins de semana para viajar com a mulher, Andressa, e o filho, Ryan, de sete meses. Vai para Serra, Interior e praia.
Sorondo é mais caseiro. Recebe amigos do Uruguai e mal aproveitou para conhecer a Capital. Prefere acompanhar a filha, Maria Carolina, seis anos, que começa a estudar. E fica de olho na gravidez de quatro meses da mulher, Rosina. Estão na fase da escolha do nome.
Para assistir aos jogos do Inter, Sorondo e Ji-Paraná preferem ficar em casa a ir ao Beira-Rio.
— Vejo os jogos pela televisão. No estádio é difícil porque a gente fica muito nervoso — confessa o zagueiro, que se sente angustiado por não poder ajudar os
companheiros.
A rotina vai mudar. Ji-Paraná deve ser
liberado para trabalhar ao lado do coordenador de preparação física Élio Carraveta ainda nesta semana. Será reintegrado ao grupo em 30 dias. Sorondo terá condições em maio. A tortura está no final.
Nilmar passa os dias de recuperação ao lado da família.
Teco, do Grêmio, e Nilmar, do Inter, comentam as lesões:
No Grêmio, Teco recorre à musculação, à leitura e à paciência
Depois de seis meses de recuperação de cirurgia no joelho, Teco
não esperava passar outra vez pelo mesmo drama. Mas foi o que ocorreu na noite do último 8 de janeiro, quando o zagueiro
do Grêmio recebeu a confirmação do médico Márcio Bolzoni: tinha de refazer o enxerto no joelho.
— Só de pensar em ficar parado até julho já me deu um desespero. Fiquei arrasado, nem tive forças para avisar a família. Só contei para a minha mulher (Fabiana) — diz o zagueiro de 25 anos, que deverá ter o empréstimo prorrogado junto ao Cruzeiro até dezembro.
Operado em 15 de janeiro, Teco voltou a freqüentar a sala de fisioterapia. Ganhou mais duas cicatrizes no joelho esquerdo e uma tediosa rotina de trabalho. De cara, parou de comer batatinhas fritas. Evitou ganhar peso e, hoje, está com 86kg, só dois acima do ideal.
Nos primeiros dias do pós-operatório, pediu ao irmão gêmeo Hughes e à mãe, dona Glória, que viessem de Vila Velha (ES) para acompanhá-lo. E passou a freqüentar a igreja Menino Deus, cujo responsável, padre Romeu, é notório gremista. Na primeira cirurgia no joelho esquerdo, um dia após a final da Libertadores contra o Boca
Juniors, junho do ano passado, o zagueiro
fez promessa para cura rápida. Chegou a doar dinheiro para a igreja da mãe, no Espírito Santo.
— Desta vez não prometi nada. Depois que eu voltar a jogar, vou encontrar uma forma de agradecer a Deus — promete.
Teco só ganha folga do fisioterapeuta Henrique Valente aos domingos. De segunda a sábado, são seis horas diárias de aplicações de gelo, musculação. Nesse período, fez grande amizade com o lateral Bruno Teles - outro que passou seis meses em recuperação de joelho. Foi no departamento médico que teve o primeiro contato com o técnico Celso Roth:
— Me disseram que se tratava de um cara grosso. Não achei nada disso.
Teco assinou até o pay-per-view do Gauchão. Tem assistido a tudo, desde as partidas entre os times do interior gaúcho até a Liga dos Campeões, passando por Paulistão e Libertadores.
— Chego ao vestiário, coloco camiseta, calção e pego meu livro. Estou terminando Guardião de
Memórias, de Kim Edwards, e vou começar Os Sete Pilares da
Sabedoria, de T.E. Lawrence, que minha mulher viu como indicação no programa da Oprah Winfrey — conta Teco.
Rodrigo Mendes deve estreaer no final de março.
No Beira-Rio, Ji-Paraná (com o fisioterapeuta Rodrigo Rossato) e Sorondo vivem um dia de recuperação: o primeiro, viaja muito; o segundo fica em casa
Foto:
Alexandre Lops, divulgação