| 01/12/2007 19h47min
Tratar só como um simples rebaixamento é minimizar o significado de Grêmio x Corinthians deste domingo. A possível queda do time paulista, dono da segunda maior torcida do país, mexe muito mais do que a simples definição de final de campeonato. Significa o enterro simbólico do modelo de gestão baseado em parcerias e, pior, atinge na alma o principal patrimônio de um clube: a torcida.
Sem os torcedores, o Corinthians não teria atraído mais de 50 profissionais da imprensa ao treino de sexta-feira, no Beira-Rio. Verdade que tampouco obrigaria a direção a deixar em aberto a data para a volta a São Paulo, com medo de represálias. O vice de futebol, Antoine Gibran, teme a reação em caso de derrota.
— Se perdermos e cairmos, teremos de desembarcar no Líbano — exagerou.
O problema é que, em se tratando de Corinthians, o sofrimento por vezes se expressa na forma de violência. A ala mais radical da Fiel, como é conhecida a torcida, não cansa de jurar
os jogadores.
Menos mal que ainda
existe a maioria pacífica. Teófilo Vieira, 15 anos, nasceu em Londrina mas hoje mora em Porto Alegre. Dos tempos de Paraná, herdou a paixão pelo Corinthians. O fanatismo é tanto que levou o estudante do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Protásio Alves a faltar aula ontem à tarde. Tudo para ver a saída dos corintianos do Beira-Rio.
— Já comprei meu ingresso. Vim do Olímpico até aqui andando. Estou pedindo a Deus para fazer valer o peso da camisa, porque não consigo pensar no Corinthians na segunda divisão - afirmou.
Corintiano como Teófilo, o jornalista Juca Kfouri acompanha de perto o drama do clube. É neste tom que ele se refere à situação:
— O coração não bate mais, só apanha. Acho que o Corinthians perde no Olímpico e o Paraná será derrotado pelo Vasco. Por isso, torço para que o Goiás perca para o Inter.
Para Juca, o goleiro Felipe é o único bom jogador de um time sem rumo.
— Junta-se a pressão e
o desespero à falta de comando. Isso não é deste
campeonato. É um processo que corrói o Corinthians há algum tempo - diz, lembrando de 2005, quando o hoje presidente Andrés Sanches comparou a instituição a uma Mercedes-Benz. — O clube sempre foi o time do "maloqueiro, sofredor, graças a Deus". Aí vem um bando de idiota, novo rico, com esse discurso.
As palavras de Juca e de Teófilo mostram bem o que está em jogo. Então, caberá aos jogadores definir se o fim de domingo será de choro ou sorrisos para a nação corintiana.
Confira o depoimento de Juca Kfouri sobre o rebaixamento do Corinthians
Corinthians treina no Estádio Beira-Rio para enfrentar o Grêmio no domingo
Foto:
Jefferson Botega
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Agência RBS