| 17/11/2007 04h
Ele não se destaca em meio aos demais. Até é meio displicente na marcação. Mas ninguém questiona quando Diego coloca a bola embaixo do braço para cobrar escanteios ou faltas, ainda que o chute passe a três metros acima do gol. Afinal, habilidade é um traço da família Moreira. E está evoluindo seu desempenho na categoria de base do Inter.
A pressão para jogar bem, que vem do pai, Assis, ou do tio Ronaldinho, não o incomoda. No discurso afinado de parentes e professores que acompanham as atuações de Diego ao lado dos colegas da pré-mirim (nascidos em 1994), ela não existe. Aos 13 anos, Diego demonstra serenidade de adulto ao garantir que não se sente obrigado a virar um fenômeno devido ao peso do sobrenome. Não descarta cursar administração de empresas caso o futebol não venha a ser sua profissão no futuro — o que é pouco provável, tendo em vista a determinação apresentada dentro e fora de campo.
Desde que chegou ao Inter, há pouco mais de um ano, Diego melhorou muito
sua constituição física.
Perdeu quase oito quilos entre março e outubro. Para isso, fez alguns sacrifícios — cortou o refrigerante da dieta e diminuiu o consumo de salgadinhos e bolachas recheadas.
— Não que eu comesse muito, mas comia porcarias fora da hora — revela.
Em campo, deixou de ser um meia-atacante para atuar na ligação ou, em alguns casos, como segundo volante. É visível a semelhança nos movimentos com Ronaldinho — o caminhar é desleixado, com o ar levemente marrento. Por vezes prende demais a bola antes de tocá-la e abusa dos lançamentos, clara tendência familiar.
— Ele adora um lançamento. Tem uma explosão muscular muito boa. Conclui muito de fora da área, até de forma exagerada, algo que estamos trabalhando. Mas está no sangue da família, não é? — brinca Adecir Santin, o Kadu, coordenador técnico das categorias sub-15 e sub13.
Dentro de campo, Diego é tratado sem distinção pelos colegas, apesar do abismo financeiro. O herdeiro dos Moreira
vai treinar acompanhado de um segurança em uma
caminhonete importada, enquanto alguns companheiros moram no alojamento do clube, com ajuda de custo que varia entre R$ 150 e R$ 200. Por saber das dificuldades que os garotos enfrentam, o próprio Assis sempre os incentiva e presenteia um e outro com chuteiras. Para o filho, além das dicas para jogar cada vez melhor, transmite sempre o mesmo sentimento.
— Ele sabe que tem de construir no campo o próprio caminho. Dentro de casa, procuramos passar o prazer que o futebol te proporciona. Poder trabalhar fazendo aquilo que gosta. Por isso, ele é superconsciente de que precisa se dedicar — garante Assis.
E Diego está se aplicando em todos os fundamentos a cada dia. Apenas um ele precisaria se esforçar um pouquinho mais para então parar de ouvir dos colegas:
— Marca, Diego!
Bola, cachorros e videogame
Quando está em casa, Diego dá um jeito de bater uma bola. Treina faltas, assiste a
vídeos de outros batedores, como Zico e Maradona, e, a exemplo do tio, joga
bola com os cachorros de casa: 11 no total, um time de futebol composto por boxers, labradores, dálmatas e outros. Mas, ao contrário das gerações passadas, a bola não é a sua única paixão — apesar de garantir ser a maior. Diego dedica boa parte do tempo ao seu videogame Playstation 3. Claro, jogando os games de futebol Winning Eleven e Fifa 2008. O time, dá para adivinhar.
— Jogo com o Barcelona, né? — afirma.