| 03/11/2007 16h42min
Em meio a várias figuras do futebol nacional que apóiam a realização da Copa de 2014 no Brasil, outras discordam. Uma delas é o ex-jogador da Seleção Brasileira e ídolo do Corinthians, Sócrates. Para o médico, não há dúvida quanto ao ‘êxtase’ que envolverá o evento em solo brasileiro. No entanto, o ex-atleta defende que o futebol não pode se restringir à alegria dos 90 minutos. O esporte, na opinião dele, é muito mais do que isso: tem função social e cultural imensa no país. As informações são do site GloboEsporte.com.
Ao lado de Gustavo Vieira de Oliveira, advogado especializado em administração esportiva, Sócrates assina texto na página de opiniões do jornal Folha de S. Paulo, deste sábado: “O Brasil tem condições de sediar a Copa de 2014?”. O ex-jogador respondeu “não” a essa pergunta e se opôs ao doutor em sociologia do esporte Mauricio Murad, que confia no país como sede de um evento de tal porte e importância, desde que haja preparação e superação dos problemas.
O ex-jogador foi taxativo ao criticar, sobretudo, as lideranças da organização do evento mundial.
– O comitê organizador da Copa 2014 é o melhor retrato (conforme informação desta Folha): uma só pessoa, que tudo pode e a ninguém presta satisfação e contas. Um déspota! – disse Sócrates em seu texto “A quem serve a Copa no Brasil”.
Para o médico, a falta de condições para que o Brasil seja sede da Copa “salta aos olhos”. E ainda pior: mesmo que sejam criadas condições, feitas reformas e construções e ainda que seja implantada toda uma infra-estrutura, todas essas benfeitorias serão “provisórias e, portanto, ineficientes” e não trarão nenhuma mudança social de fato. Dessa forma, o potencial mobilizador e de transformação social do futebol seria absolutamente ignorado. De acordo com o ex-jogador, é esse quadro que pode ser visto depois de o Rio de Janeiro ter sediado os Jogos Pan-Americanos.
Sócrates ainda acredita que quem sai mais prejudicado em relação à forma errada como o futebol e a Copa do Mundo são interpretados pelas lideranças desse processo é o povo.
– Nesse cenário, o mais cruel é perceber que o único que merece vivenciar uma Copa do Mundo, devido à paixão delirante dedicada ao futebol, pela intensidade com que esse esporte é parte de sua cultura e identidade, é aquele que, também por tudo isso, não é estimulado a discernir sobre a manipulação de sua paixão e enxergar essa realidade – ou seja, o torcedor e o povo brasileiro – afirmou o ex-jogador.