| 12/10/2007 07h46min
Um novo ídolo começa a surgir no Beira-Rio. Com seis tatuagens pelo corpo e dono de uma história de muitas batalhas, aos poucos Magrão vem se transformando em símbolo de garra de um Inter que tenta renascer em 2007. Para o jogo de amanhã, contra o Corinthians, às 16h, no Pacaembu, o volante tem tudo para ser um dos destaques do jogo. Afinal, conhece o adversário como poucos.
Nascido numa família de corintianos, Magrão viveu até os 21 anos na comunidade de São João Clima, na favela de Heliópolis, uma das maiores de São Paulo, com mais de 100 mil habitantes. Foi quando trocou o São Caetano pelo Palmeiras, em 1999, e pôde tirar os pais, Juscelino e Maria Aparecida, do aluguel de Heliópolis. Cada uma das tatuagens representa um momento de vida de dificuldades e realizações.
Após três temporadas no Palmeiras, Magrão foi para o Yokohama Marinos (JAP). Voltou ao Brasil em menos de um ano. Contratado pelo Corinthians, provocou a ira dos seus antigos fãs.
Aos falar dos pais, dos três irmãos
(um deles, Luan, de 14 anos, deixou o Corinthians e deve atuar na base do Inter), da mulher, Andréia, e dos filhos, emociona-se. Lembra da série de despejos que a família sofreu em meio a crises do setor metalúrgico, nos anos 80 e 90 — Juscelino trabalhou em diversas fábricas do ABC. Por tudo isso, Magrão não esquece as origens. Aos filhos, Matheus, nove anos, e Pedro, três, conta que por vezes não havia almoço ou jantar em casa.
Hoje, ele ensina os dois a dividir o que têm e a não discriminar ninguém.
— Sou maloqueiro e sofredor. Assim como os corintianos e colorados. São torcidas formadas por gente simples e trabalhadora da periferia. Por isso, me identifico com eles. Me orgulho disso, jamais vou deixar de ser assim nem de andar com o pessoal da antiga — afirma Magrão, contando que no vestiário é chamado de "maloqueiro" pelos amigos Douglão e Christian.
Próximo de completar 30 anos — em 20 de dezembro de 2008 — , Magrão começa a planejar sua
sétima tatuagem. Seria algo simbólico,
uma vez que a primeira — um duende, que depois foi retatuado como um sol — foi desenhada 15 anos atrás. As demais tatuagens foram feitas por amigos no mesmo estúdio dos irmãos Cavalera, Max e Igor, da banda Sepultura.
— Minha mulher e os meus pais não querem que eu tatue mais. Dizem que pareço um gibi. Mas é viciante e marcam momentos da minha vida — , conclui Magrão, que promete comemorar caso marque um gol no Corinthians.