| 28/07/2007 17h15min
Os jogadores da equipe de futsal dão entrevistas num perfeito espanhol. As meninas do handebol respondem em inglês e até no alemão. A turma da natação conversa com os americanos como se estivesse numa universidade dos Estados Unidos. O Comitê Olímpico Brasil (COB) não tem o número exato de atletas brasileiros que moram em outros países, mas é fácil perceber que nestes Jogos Pan-americanos tem uma turma do Brasil e outra do Brazil.
A estrutura para os treinamentos e o intercâmbio com centro mais avançados motivam os atletas a deixar o país. O fator financeiro, no entanto, ainda é a principal razão.
– Não chega a ser o dobro do que eu ganharia aqui, mas fica perto disto", diz o catarinense Jefferson Brito, o Ciço, do futsal.
Das 14 atletas que integraram a equipe do handebol feminino, onze atuam no exterior.
– O que vou ganhar na Dinamarca não conseguiria em nenhum clube do Brasil – confirma a goleira Chana Masson,
da equipe feminina do handebol.
As meninas do
handebol só perdem para a vitoriosa seleção masculina de vôlei, que tinha todos os atletas em equipes estrangeiras. Depois do corte do levantador Ricardinho, o vôlei masculino recebeu o "brasileiro" Bruno Rezende, da Cimed de Florianópolis.
Esta situação já provocou alguns embaraços neste Pan. Depois da vitória sobre o Peru, na estréia, algumas jogadoras da equipe feminina de vôlei disseram que não estavam acostumadas a jogar diante da torcida brasileira. Um argumento verdadeiro. A grande maioria do grupo também atua na Europa.
O paulista César Cielo, melhor índice técnico no Pan - marcou 21s84 no 50m livre - estuda e treina em uma universidade do Alabama, nos Estados Unidos. Pretende ficar por lá para intensificar o trabalho visando às Olimpíadas de Pequim.
Thiago Pereira, com seis medalhas de ouro, treina no Minas Tênis, em Belo Horizonte, e não pretende deixar o Brasil.
– Aqui disponho de todas as condições que necessito
– argumentou.
O chefe da missão
brasileira no Pan, Marcus Vinícius Freire, ex-jogador de vôlei, disse que passou três anos na Itália como atleta. Por isso, costuma recomendar aos mais jovens que tenham uma experiência no exterior.
– É importante para o crescimento pessoal e profissional.
Ele lembra, porém, que o Brasil já oferece boas condições para o desenvolvimento do atleta sem a necessidade de deixar o país. Em algumas modalidades, como ginástica artística, handebol, tiro esportivo, esgrima, boxe, canoagem e saltos ornamentais, foram contratados técnicos de países em estágios mais avançados para trabalhar com os brasileiros e formar novos treinadores.
A NOTÍCIA