Em uma sessão muito tumultuada, que contou com a presença de muitos torcedores e reforço policial, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou o atacante Dodô, do Botafogo, acusado de doping por uso da substância femproporex, encontrada em inibidores de apetite. A defesa do jogador tentou, mas não conseguiu livrar o jogador, que acabou condenado por unanimidade e pegou uma suspensão de 120 dias.

Dodô foi pego no exame antidoping feito em 14 de junho, quando o Botafogo goleou o Vasco por 4 a 0 no Maracanã, com dois gols seus. Os exames pedidos pelo clube carioca e feitos na Universidade de São Paulo mostravam que o jogador não ingeriu a substância conscientemente. Ele ingeriu o femproporex em cápsulas de cafeína contaminadas no momento da manipulação. Entretanto, prevaleceu a visão da procuradoria, onde um atleta é responsável por tudo o que ingere.

O femproporex ingerido pelo atleta constava da cafeína ministrada pelo departamento médico botafoguense ao elenco. O objetivo dos advogados de Dodô era comprovar que ele não poderia adivinhar que estava usando uma substância proibida se a mesma não constava do rótulo da cafeína, liberada para uso de atletas profissionais. Além disso, a defesa usou o depoimento de médicos especialistas em doping que atestaram que o femproporex é uma substância nociva aos atletas por gerar distúrbios gastro intestinais, insônia e falta de atenção.

Presente no Tribunal, Dodô se emocionou durante o julgamento, mas foi firme em seu depoimento. Alegou que não poderia adivinhar que estava ingerindo um produto ilegal.

O jogador chegou a chorar no momento em que seus advogados disseram que ele tinha sido envenenado e apelaram para a correta postura do atleta ao longo de toda a sua carreira. O julgamento foi realizado no décimo andar da sede do STJD e mesmo assim era possível ouvir da sala o hino do Botafogo, cantando por dezenas de torcedores que compareceram à porta do Tribunal para apoiar o ídolo.

Depois das duas partes apresentarem as suas teses, o relator Fabrício Dazzi foi o primeiro a se posicionar e votou a favor da suspensão do atleta por 120 dias, lembrando que não se estava em julgamento a Pharmacy, farmácia de manipulação que teria errado ao colocar femproporex no frasco de cafeína de Dodô. Os demais relatores (Wladimir Cassani, Otacílio Araújo, José Pérez e Rubens Approbato, presidente do Tribunal) acompanharam o voto do relator.

Os advogados de Dodô deixaram o Tribunal dizendo que vão recorrer da decisão, usando como base a decisão da mesma corte, que absolveu dois atletas do Veranópolis-RS em caso semelhante ao do artilheiro na semana passada. Além disso, o departamento jurídico botafoguense tentará reduzir pela metade a pena do atleta, que seria revertida em prestação de serviços sociais (como pagamento de cestas básicas).

Com a punição Dodô ficará afastado do Botafogo nos próximos jogos deste Campeonato Brasileiro. O Alvinegro volta a campo nesta quinta-feira para enfrentar o Juventude, em Mesquita, sem a presença de sua torcida, já que o clube foi punido pelo mesmo STJD pelo comportamento de seus torcedores na vitória de 2 a 1 sobre o Fluminense, no último dia 30 de junho.

GAZETA PRESS