| 25/06/2007 14h27min
Dizer o ouro é meu todo mundo evita, mas quem obteve classificação na equipe brasileira de atletismo para os Jogos Pan-americanos do Rio promete o máximo por um bom resultado em julho. Mesmo alguns medalhões da seleção que figuram entre os melhores do mundo no momento são cautelosos ao falar em resultados.
Recordista sul-americano e dono da melhor marca mundial da prova no ano (17,90m), Jadel Gregório sai pela tangente ao comentar o assunto.
– O Pan é uma competição forte como outras e acho que não tem favoritos. A partir do momento que o atleta se classifica pode ir bem. Não tem como falar em resultado. Tudo pode acontecer, competição é uma caixinha cheia de mistérios – avalia o vice-campeão pan-americano em Santo Domingo-2003.
Atravessando uma das melhores fases em sua carreira, Marilson Gomes dos Santos também não quer saber de exagero. Mesmo tendo aberto mão da vaga na maratona para lutar por medalhas nos 10.000m e 5.000m, ele prefere ser comedido ao falar de suas chances.
Há quatro anos, na República Dominicana, ele foi prata na prova longa e bronze na mais curta. Para seu técnico, Adauto Domingos, as possibilidades de melhorar este rendimento em casa são certas. Mas, Marilson prefere o meio-termo. Migrando para a maratona, prova que pretende disputar nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, ele sabe que isso pode interferir em seu rendimento nas pistas.
– A gente ganha em uma parte e perde em outra. Quanto mais curta a prova a coisa vai se complicando mais para mim. Nos 5.000m, se subir no pódio já vai ser bom – avalia.
Na contra-mão de tanto comedimento, a saltadora Keila Costa esbanja otimismo e confiança para a participação nacional em seus eventos. Classificada para os saltos triplo e em distância juntamente com Maurren Maggi, Keila aposta em duas medalhas brasileiras por prova.
Nas Américas, elas têm as melhores marcas no salto em distância. Maurren é a terceira do mundo com 6,91m obtido no início do mês no Rio de Janeiro. Keila aparece em quinto com 6,88m, no GP de Belém, em maio. Ela ainda aparece com outro bom salto (6,83m) na sétima posição para que somente então a lista registre outra pan-americana: Rhonda Watkins, de Trinidad e Tobago, com 6,82m. O favoritismo não incomoda Keila:
– É muito bom. A responsabilidade é grande, mas temos tudo a nosso favor. Hoje muitas pessoas se espelham em mim. O importante é saber que tudo é possível, basta querer.
No triplo, uma dupla de cubanas está em melhor situação: Mabel Gay, quinta do mundo com 14,66m, e Yarianna Martínez, sétima com 14,61m. Keila está em 11º com um salto de 14,57m. Mas isso não abala sua confiança.
– Maurren e as cubanas estão vindo muito bem, mas eu também estou bem. E até o Pan vou melhorar com certeza – acrescente.
Recordista sul-americana no salto com vara, Fabiana Murer tem canadenses e norte-americanas a sua frente na lista de desempenhos da temporada. Mesmo assim, ela sabe que é uma das esperanças de medalha na equipe nacional e não se abala com a responsabilidade.
– Sou muito tranqüila. Aprendi a não ficar nervosa e isso não me afeta – assegura. Seu principal compromisso é pessoal.
– Procuro mostrar meu trabalho. Estou sempre querendo um recorde e buscar uma medalha.
Com tradição de medalhas nas provas masculinas de velocidade e revezamento, os brasileiros também estão determinados a dar trabalho nestas disputas. Classificado nos 100m, 200m e no revezamento 4x100m, o amazonense Sandro Viana quer fazer bonito no Rio. Depois de desbancar o medalhista olímpico André Domingos na briga pela classificação, ele quer defender a tradição.
– O André foi bronze (Santo Domingo), o Claudinei (Quirino) venceu (Winnipeg-99) e o Robson (Caetano) também (Havana-91). Espero honrar esta tradição à altura – lembra, pensando nos resultados dos 200m.
No revezamento, a esperança é igual. Na lista de performances mundiais, somente equipes norte-americanas tiveram desempenho superior na pan-américa nesta temporada. Correndo ao lado de Vicente Lenilson, Basílio de Moraes e André Nilson, Sandro marcou 38s77 este mês, no Rio.
Nos Jogos de Santo Domingo, a equipe brasileira de atletismo voltou para casa com 16 medalhas – cinco ouros, cinco pratas e seis bronzes. Modalidade individual que mais medalhas conquistou para o país na história dos Jogos: 114 (37 ouros, 34 pratas e 43 bronzes), o ápice da participação pan-americana foi obtida em Winnipeg-99 com 16 medalhas (7 ouros, 5 pratas e 4 bronzes).
No Rio, competindo nas 47 provas do programa com 85 atletas diferentes, a meta da comissão técnica é alcançar o máximo de finais possíveis para, então, poder almejar os pódios.
GAZETA PRESS