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 | 18/06/2007 09h54min

CPI do Apagão investigará incidente com avião presidencial

Deputados querem saber por que Aeronáutica escondeu uma quase colisão em 2002

FÁBIO SCHAFFNER  |  fabio.schaffner@rbs.com.br

A CPI do Apagão Aéreo na Câmara pretende requisitar hoje à Aeronáutica cópias do relatório das investigações sobre a aproximação perigosa entre o Sucatinha, o avião presidencial, com o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso a bordo, e um Fokker 100 da TAM. As duas aeronaves quase colidiram no ar, em Brasília, em junho de 2002.

Em reportagem publicada ontem com exclusividade, Zero Hora mostrou como o Sucatinha, um Boeing 737-200, voava na mesma altitude que o jato da TAM, com 108 passageiros e cinco tripulantes. As aeronaves estiveram a 24 segundos de uma colisão.

Sem comunicação por rádio com os controladores de vôo, os pilotos foram alertados do risco de acidente pelo TCAS (da sigla em inglês para Sistema de Alerta e Prevenção de Colisão de Tráfego), um equipamento anticolisão. Com manobras evasivas, os jatos, voando a velocidades acima de 700 km/h, passaram um pelo outro "lambendo tinta", conforme disse a ZH um controlador que acompanhou as investigações.

– Queremos saber como a Aeronáutica investigou este incidente, se houve falha nos equipamentos ou erro dos controladores – afirmou o relator da CPI do Apagão, deputado Marco Maia (PT).

Para o deputado Vic Pires (Democratas-PA), integrante da comissão, o episódio comprova que as falhas no sistema de controle de vôo existem há pelo menos cinco anos. O parlamentar reclama da dificuldade encontrada pela CPI para ter acesso aos documentos da Aeronáutica.

– Isso mostra que, naquela época, a Aeronáutica já escondia os riscos do sistema aéreo brasileiro. É preciso que se revele o que foi feito após um caso dessa gravidade, envolvendo o avião do presidente da República – comenta Pires.

Controladores são ouvidos em sessões reservadas

O parlamentar pretende aproveitar os depoimentos do coronel Rufino Ferreira, presidente da comissão da Aeronáutica que investiga o acidente com o vôo 1907 da Gol, ocorrido em setembro passado, e do brigadeiro Jorge Kersul, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, para esclarecer o episódio. Os dois oficiais já prestaram depoimento à CPI no mês passado, mas foram convocados novamente e serão interrogados na próxima semana.

– Não podemos mais admitir a justificativa de que tudo é sigiloso. Estamos tratando de falhas graves envolvendo aviões lotados de passageiros – alerta Pires.

Conforme o deputado, controladores ouvidos pela CPI em sessão reservada já haviam alertado para os sucessivos problemas de comunicação por rádio no setor nordeste do aeroporto de Brasília – onde o Sucatinha e o Fokker da TAM se cruzaram.

Os controladores também repassam à CPI relatórios demonstrando as falhas nos equipamentos do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo 1 (Cindacta 1), com sede em Brasília. Como temem represálias do comando da Aeronáutica, os controladores procuram se encontrar com os deputados sempre em salas diferentes do Congresso e evitam falar ao telefone celular.

– Situações de risco vêm se repetindo todos os dias. Os controladores estão com muito medo de sofrerem punições, mas defendo a convocação de vários deles à CPI, para que as deficiências do sistema sejam expostas e possamos buscar mecanismos para evitar outra tragédia – argumenta a deputada Luciana Genro (P-Sol).

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