| 17/05/2007 12h28min
A Operação Navalha, de combate à corrupção, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta, prendeu 45 pessoas até às 12h. Segundo a PF, entre os presos estão diversas autoridades públicas, funcionários, políticos e intermediários da empresa Gautama. A empresa, sediada em Salvador-BA, é acusada pela PF de operar uma "organização criminosa infiltrada no governo federal e em governos estaduais e municipais", com objetivo de obter lucros na execução de obras públicas. A expectativa é que haja novas prisões.
Segundo a PF, teriam sido fraudados programas como o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Luz Para Todos. O empresário Zuleido Soares Veras, dono da Gautama, é um dos presos. A empresa comemorava a pré-qualificação para disputar a transposição do Rio São Francisco, conquistada nesta semana.
Entre os presos, estão também Ivo Almeida Costa, assessor especial do gabinete do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau; o presidente do BRB, Roberto Figueiredo Guimarães; o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares; o deputado distrital Pedro Passos (DF); o superintendente de produtos de repasse da Caixa Econômica Federal, Flávio José Pin; e João Alves Neto, filho do ex-governador de Sergipe João Alves. O BRB é o banco oficial do governo do Distrito Federal.
A PF cumpre 48 mandados de prisão preventiva e 84 mandados de busca e apreensão. Pouco depois das 11h, chegaram ao depósito da superintendência da PF em Brasília computadores e oito veículos apreendidos com os presos, entre eles uma Toyota Hilux do deputado Pedro Passos.
Na decisão que determinou as prisões, a ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cita pelo menos 10 vezes o nome do atual governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), mas não há informação sobre possível envolvimento do governador.
O esquema criminoso pretendia, em primeiro lugar, garantir o direcionamento de verbas públicas, no âmbito federal e estadual, para obras de interesse da organização. Em segundo lugar, garantir a vitória em licitações de empresas por ela patrocinadas e assegurar a liberação de pagamentos de obras superfaturadas, irregulares ou mesmo inexistentes.
Em nível federal, a quadrilha desviou recursos do Ministério de Minas e Energia, da Integração Nacional, das Cidades, do Planejamento, e do Dnit. No nível estadual, as fraudes ocorreram nos estados de Alagoas, Maranhão, Sergipe, Piauí e ainda no Distrito Federal. No nível municipal, estavam envolvidas autoridades das de cidades Camaçari-BA e Sinop-MT.
Cerca de 400 policiais federais foram mobilizados nos Estados de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, São Paulo e no Distrito Federal para cumprir 48 mandados de prisão preventiva e 84 mandados de busca e apreensão contra o grupo acusado de fraudar licitações.
Na Bahia, a PF prendeu duas pessoas: o prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), e o secretário de Infra-estrutura, Iran Ferreira. Em Maceió, foi preso Márcio Fidelson Menezes Gomes, atual diretor do Detran de Alagoas. No Mato Grosso, foi preso o prefeito de Sinop, Nilson Leitão (PSDB). Ele é um nome de peso no partido e chegou a coordenar no estado a campanha do tucano Geraldo Alckmin a presidente, no ano passado. No Piauí, cinco pessoas foram detidas.
Devido à complexidade da operação, o diretor de inteligência da PF, Renato da Porciúncula, explica que foi necessário adiar a nova etapa da Operação Hurricane (furacão, em inglês), que estava prevista para a manhã desta quinta-feira.
AGÊNCIA O GLOBO