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 | 05/05/2007 16h23min

Itá levantou a taça de campeão pelo Tigre e Verdão

Jogador foi capitão das duas equipes na década de 90

Antônio Luis Sartoretto, o Itá, marcou época no futebol catarinense na década de 1990. Como capitão de Criciúma e Chapecoense, ele teve o prazer de levantar as taças dos Estaduais de 1991 e 1996, além de ter participado da decisão de 1995, quando foi vice-campeão pela Chapecoense. Radicado em Criciúma há 21 anos, Itá acompanha a terceira decisão entre as duas equipes como comentarista esportivo. Em entrevista ao DC, Itá fala sobre a paixão pelos dois clubes e compara as decisões do passado e presente.

Diário Catarinense - O seu coração está dividido nessa decisão?

Itá - Dividido, não. Estou torcendo para que o Criciúma seja campeão. É óbvio que eu comecei na Chapecoense e também torço pela Chapecoense, e se ela for campeã não vou ficar bravo. Minha família mora lá, onde tive um grande aprendizado na minha carreira e na minha vida. Também dei um título para a Chapecoense. Mas Criciúma é onde eu vivo, há 21 anos, e meu coração está aqui. Tanto a Chapecoense como o Criciúma tem totais condições de ser campeões.

DC - Como ex-jogador e agora comentarista esportivo é mais fácil encarar essa situação de paixão pelos dois clubes?

Itá - Como estou comentando os jogos pela Rádio Difusora (de Içara) tenho que falar a verdade para o público. Hoje, a Chapecoense atravessa melhor momento dentro de campo. Porém, o peso da camisa do Criciúma é maior porque a equipe está acostumada a títulos e isso conta muito em partidas decisivas.

DC - Como você analisou o primeiro jogo da decisão?

Itá - O Criciúma jogou para não perder e quando isso acontece se corre um sério risco de perder. Se o Gelson tivesse sido um pouco mais corajoso e tivesse tirado um zagueiro para colocar mais um meia ou um atacante desde o início do jogo, o placar poderia ter sido diferente. É óbvio que tomamos um gol numa falha nossa, ainda com três zagueiros em campo. Depois o sistema foi mudado para dois zagueiros, e mudou um pouco o ritmo da partida. Mas a Chapecoense vem há 18 jogos sem perder e isso conta muito.

DC - Como você interpreta essa empolgação da Chapecoense?

Itá - É uma mescla de tudo. São anos sem título e a empolgação da cidade com a perspectiva de disputar outros campeonatos (Série C e Copa do Brasil). Por isso que falo que a camisa do Criciúma pesa, porque a cada dois anos disputa um título. A Chapecoense não. Quando cheguei lá em 1995, a Chapecoense estava há 18 anos sem título. E hoje está há 11 anos sem título. Naquela época também houve empolgação e a comunidade se apegou muito ao time. E lá é preciso ser uma família mesmo porque só se viaja. A tua família real fica em casa. Você fica dois dias em casa e cinco fora durante a semana. É o que está acontecendo agora com o Agenor Picinnin. Ele uniu tanto o grupo, que alguns jogadores pouco conhecidos começaram a aparecer.

DC - E como você interpreta o profissionalismo do Criciúma?

Itá - A empolgação da Chapecoense é maior do que a empolgação do Criciúma, mas futebol é dentro de campo. Fora de campo a gente procura passar para o torcedor um relato do que está acontecendo. O momento da Chapecoense é melhor, só que no Heriberto Hülse, a coisa é bem diferente. Os mais de 15 mil torcedores podem carregar e motivar os jogadores e acredito que o Criciúma ganha nos 90 minutos. E depois, na prorrogação e nos pênaltis, só Deus sabe o que irá ocorrer.

DC - Qual o melhor jogador da Chapecoense?

Itá - Eu não vejo assim: o melhor jogador. Eu acho que a Chapecoense tem um conjunto bom, com valores que se equiparam. Todos fazem a sua parte e um pouquinho a mais, o que não tem acontecido no Criciúma.

DC - Qual o melhor jogador do Criciúma?

Itá - O Criciúma é bem diferente da Chapecoense e tem alguns jogadores que desequilibram quando estão bem. Cito o Fernandinho, o Athos, o Alex Sandro pela direita, e o Mateus. Lá na frente, o Clodoaldo não tem jogado bem, mas pode voltar a fazer gols decisivos. O Criciúma tem três ou quatro peças que, se não funcionarem, o grupo não funciona.

DC - Qual o melhor jogador da competição?

Itá - Fernandinho. Até porque não tem outro jogador que destoa dos demais e que se possa dizer que tenha feito igual por outro time. 

DC - Como você compara essa decisão com as decisões de 1991 e 1995?

Itá - Em 1995, quando fui vice-campeão (pela Chapecoense), tínhamos o mesmo grupo que a Chapecoense tem hoje, pois o grupo fazia a diferença. E o Criciúma estava abaixo da Chapecoense. Prova disso é que o Criciúma tomou quatro no primeiro jogo, e venceu por 1 a 0 com gol no último minuto no segundo jogo. Em 1991, a Chapecoense também estava carente de títulos, houve uma mobilização grande, mas o grupo do Criciúma era muito superior e até semelhante à Chapecoense de hoje, porque não tínhamos um grande jogador e todos jogavam por música.

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