| 07/04/2007 14h34min
Nem o pedido de perdão feito pelos controladores de vôo nem a relativa calma do feriado foram suficientes para abrandar o temor de nova mobilização dos operadores de radar dos aeroportos, com mais transtornos para os passageiros.
Um feriadão tranqüilo foi a condição imposta pelo Planalto para retomar a conversa interrompida terça-feira passada. Os controladores não abrem mão de um canal de negociação para manter as operações. Até agora só se sabe que a Aeronáutica conduzirá o processo.
- O governo não vai se meter nesse negócio - disse na sexta-feira o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB).
Caso se confirme, a falta de interlocução pode levar a novos incidentes, alerta o especialista em risco político Alexandre Barros, da consultoria Early Warning:
- Se o cerco apertar demais, eles podem fazer um cálculo de custo e benefício e concluir que com outro motim terão pouco a perder.
Ameaça de
punições severas, estabelecidas pelo Código Penal Militar (até
10 anos de prisão, com expulsão das Forças Armadas), entra nos dois lados dessa conta. João Roberto Martins Filho, doutor em Ciências Sociais e presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, adiciona um elemento ao cálculo:
- Com a greve, os controladores queimaram um cartucho importante em termos de movimento reivindicatório. A situação agora é mais complexa, envolve política de defesa.
Expectativa da categoria é por encontro para negociar
Maioria entre os responsáveis pelo controle de tráfego, os militares aderiram à contrição na Semana Santa. Além do pedido de perdão, evitaram até declarações públicas. Líder da ala civil da categoria (que se declarou em estado de greve segunda-feira passada), o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, assegura:
- As coisas vão serenar. Da nossa parte, não há mais ameaça, mas não posso garantir pelos militares.
Mesmo Botelho, porém, admite que não há novo encontro
marcado.
- Vou trabalhar junto ao governo para estabelecer um cronograma. Não há motivo para duvidar da palavra do ministro - diz, referindo-se a Paulo Bernardo, do Planejamento.
A possibilidade de outro motim também divide a oposição ao governo Lula. Os deputados Júlio Redecker (PSDB) e Onyx Lorenzoni (DEM) têm opiniões distintas.
- É inegável que há uma insatisfação muito grande dos controladores, agravada pelo acordo que não foi cumprido - afirma Onyx, para quem a repetição de um novo caos aéreo pode voltar a ocorrer.
Redecker é menos sombrio sobre o futuro. Líder da minoria na Câmara, participou de reunião com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, na semana passada, e saiu tranqüilo:
- Não vai se repetir. Os controladores sabem que serão punidos.
Coronel reformado do Exército e professor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, Geraldo Cavagnari avalia que os sargentos se
amotinaram por pensar que a punição máxima seria de 30 dias. Como o que
está sob investigação é conduta criminosa, teriam recuado:
- Não acredito em novo motim.