| 22/03/2007 11h14min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resiste à pressão da bancada ruralista contra a escolha do deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) para o Ministério da Agricultura. O Palácio do Planalto confirmou para hoje à tarde a audiência do presidente da República com o deputado, quando deverá ser formalizado o convite.
Um pouco antes, Lula recebe o atual titular da Agricultura, Luís Guedes, que estava em missão no Exterior nos últimos dias. Guedes é um técnico de carreira e está no posto desde que o ex-ministro Roberto Rodrigues deixou o cargo. Na noite de ontem, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), recebeu um telefonema do gabinete do presidente marcando audiência de Stephanes.
A bancada ruralista elevara o tom contra a possível opção de Lula pelo nome de Stephanes (PMDB-PR) para o Ministério da Agricultura. Em reunião ontem com Temer, parlamentares de PFL, PDT, PP, PR e do PT pediram a indicação do deputado ruralista Moacir Micheletto, colega de bancada de Stephanes.
O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), conversou por telefone com o presidente Lula e também pediu por Micheletto. Líderes de entidades ruralistas, como a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), engrossaram o coro por Micheletto. Na manhã de ontem, apesar da resistência da bancada ruralista, Lula informou a ministros que escolhera Stephanes. Ao longo do dia, no entanto, ele não bateu o martelo, mostrando que ainda ouvirá o PMDB.
Consultado pelo Palácio do Planalto, o ex-ministro Roberto Rodrigues criticou a forma como está ocorrendo a mudança de comando na pasta que ocupou por três anos e meio. Rodrigues ponderou que era preciso garantir a continuidade das atuais políticas públicas para o setor. Ele defende a permanência do atual ministro Luís Carlos Guedes Pinto, mas avaliou que, apesar das brigas com o governador Roberto Requião em torno da liberação da soja transgênica e dos casos de febre aftosa no Paraná, é necessário fazer uma composição partidária. Assim, Micheletto seria a melhor alternativa.
Lula decidiu adiar para junho a escolha dos ministros que comandam quatro secretarias especiais vinculadas à presidência da República – Direitos Humanos, Pesca, Mulheres e Igualdade Racial. Antes, o presidente deverá escolher um substituto para Waldir Pires no comando do Ministério da Defesa, mas, segundo um assessor, vai tomar essa decisão fora do contexto e dos objetivos da reforma ministerial em curso:
– Ele está se concentrando nos ministérios com mais reflexo na base partidária do governo.
Para a Defesa, o mais cotado, segundo auxiliares de Lula, é o deputado, ex-ministro e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo, do PCdoB de São Paulo. Rebelo chegou a ser sondado no início do ano, mas declinou, alegando que não podia, naquele momento, renunciar à candidatura à reeleição na presidência da Câmara.
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