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 | 15/03/2007 11h29min

Lula diz que educação é caminho para que jovens evitem o crime

Presidente pede apoio de ex-ministros Paulo Renato e Cristovam Buarque

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante apresentação do pacote da educação para especialistas do setor, que o país precisa dar cidadania ao "estoque de três milhões de jovens" que estão fora do mercado de trabalho e da escola, em vez de perpetuar a exclusão.

Lula disse que é preciso evitar o discurso de que a única saída é a punição e atribuiu a situação em que vivem hoje os jovens a uma política de educação voltada para "as castas privilegiadas".

- O que não quero é que a gente permita que cresça no Brasil a idéia de que a única solução para esses jovens é puni-los -, disse o presidente em um momento em que o País discute propostas para combater a criminalidade, entre elas a redução da maioridade penal.

Lula disse que o Brasil não pode esperar mais para dar educação e trabalho a esses jovens e contou que no fim do ano disse ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que não estava satisfeito com a política de alfabetização do País. Lula cobrou medidas para melhorar os números do governo sobre a educação. No dia 10 de dezembro, o Globo publicou reportagem mostrando que o programa Brasil Alfabetizado já consumira R$ 700 milhões e surtira pouco efeito, segundo o IBGE.

Em seu discurso, o presidente pediu apoio de todas as pessoas ligadas ao setor, citando especificamente os ex-ministros Paulo Renato e Cristovam Buarque, que fazem oposição a seu governo, para fazer uma grande reforma da educação do país. Tentando mostrar que o problema não é apenas de dinheiro, Lula indagou por que alunos de escolas de um estado têm notas extremamente melhores do que os de outros, se os salários dos professores são semelhantes.

- O que temos aí é resultado de uma política de concentração de renda, uma política elitista que não pensou em todo mundo, e sim, apenas naquelas que pertenciam a uma casta de privilegiados - afirmou o presidente.

Lula reconheceu que seu governo não está começando do zero e que muito já foi feito, mas pediu um grande esforço da sociedade, ao lado do governo, para evitar que "nasçam mais pessoas com propensão a ser analfabetas". Lula disse que suas inquietações são muitas e que não têm soluções prontas, por isso está pedindo a ajuda de todos.

- O País está em dívida com a educação, os Estados estão em dívida - afirmou.

Lula citou como vantagem de ter um segundo mandato o fato de poder adotar medidas sem pressa, promovendo um amplo debate com a sociedade, como na área da educação.

- A vantagem do segundo mandato é não termos a pressa, podermos fazer as coisas com mais calma, e fazer melhor, mas para isso precisamos de um debate muito sério da sociedade - afirmou.

AGÊNCIA O GLOBO
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