| 23/02/2007 09h14min
Durante as mais de duas horas que passou reunido ontem com a cúpula do PSB no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou não ter mesmo pressa para definir as mudanças nos ministérios do segundo mandato.
Lula deve esperar o resultado da convenção do PMDB, no dia 11 de março, para anunciar os novos nomes do primeiro escalão. A escolha do próximo presidente do PMDB é considerada estratégica pelo Planalto, interessado em ter a legenda unida no governo de coalizão.
- É preciso esperar que o quadro político se estabilize um pouco - teria afirmado Lula durante a reunião, segundo relato de dirigentes do PSB.
- A decisão do PMDB é o ponto final para o presidente comunicar ao país o seu novo ministério - disse o deputado Beto Albuquerque (PSB), que esperava ontem receber o sinal verde para continuar exercendo o cargo de líder governista na Câmara.
Há quase duas semanas, Lula teria assegurado ao presidente do PMDB,
deputado Michel Temer (SP), que a reforma
ministerial sairia até o início de março. Ontem, o presidente relatou dificuldades em definir a equipe em razão de divergências no PMDB.
O PSB tenta manter um dos ministérios cobiçados pelo partido de Temer: o da Integração Nacional, além da Ciência e Tecnologia.
O presidente defendeu o nome do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes para ocupar uma das futuras vagas do partido. Mas os integrantes do PSB disseram que Ciro deseja permanecer na Câmara dos Deputados - embora não tenham descartado a possibilidade de o ex-ministro mudar de posição. Apesar de negar oficialmente, o PSB quer também cargos no segundo escalão do governo, como o comando da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
No encontro, Lula também deu pistas de que não irá ceder à pressão do PMDB pelo Ministério dos Transportes - o cargo deve ficar com o PR (ex-PL). Ele mostrou que tem sido difícil encaixar a petista Marta
Suplicy no governo. O PT pressiona
para que a ex-prefeita de São Paulo ocupe Educação ou Cidades, a última sob o comando do PP, com Marcio Fortes.
Depois de uma reunião com o presidente na tarde de ontem, o líder do PC do B na Câmara, Renildo Calheiros (PE), disse que a nomeação do novo ministério "ultrapassa, e com folga, a convenção do PMDB" e que a reforma está "longe de ser concluída". O PC do B comanda hoje Esportes, com Orlando Silva.