| 11/01/2007 13h11min
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, negou nesta quinta-feira que o governo esteja trabalhando nos bastidores para a vitória de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pela presidência da Câmara. Segundo o ministro, o governo não tem preferência pelo petista ou pelo atual presidente, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e não está interferindo na campanha.
– Rejeito a afirmação que foi feita por colegas da representação política de que estaria havendo alguma preocupação nossa em induzir a candidatura do Arlindo. Isso não ocorre. Os candidatos estão debatendo e buscando apoio. Não estamos fazendo nenhuma indução. Para o governo, se der Aldo ou Arlindo, tudo bem – afirmou Tarso, ao chegar à sede do Banco do Brasil para participar de um seminário.
O governo temia que as duas candidaturas provocassem um racha na base, repetindo o que aconteceu em 2005, quando a Câmara acabou elegendo como presidente Severino Cavalcanti.
Tarso garantiu que o governo não vai pedir a Aldo Rebelo que retire sua candidatura, mas reiterou que chegará um determinado momento em que o governo vai manifestar sua opinião sobre qual candidato tem maior potencial eleitoral. Na quarta, demonstrando a irritação, Rebelo criticou a tentativa dos aliados de seu adversário de pressioná-lo para desistir da disputa, e afirmou que seus adversários querem ganhar a disputa por WO, ou seja, por desistência.
Tarso disse que conversou na quarta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o informou sobre a disputa na Câmara, e Lula pediu para ele continuar acompanhando o processo. O ministro também conversou na manhã desta quinta-feira com o senador José Sarney (PMDB-AP). Segundo ele, Sarney disse que a decisão do PMDB de apoiar Chinaglia tende a consolidar uma posição amplamente majoritária no partido. Tarso também conversou com o presidente do PP, Nélio Dias, que vai reunir a bancada para decidir se oficializa o apoio a Chinaglia.
Um dia depois de a oposição acusar o governo de liberar verbas para parlamentares do PMDB em troca de apoio à candidatura de Chinaglia, a ONG Contas Abertas publicou em seu site um levantamento mostrando que nos últimos 20 dias o governo federal empenhou R$ 34,4 milhões em emendas de parlamentares do PSDB e do PFL, partidos que podem decidir a disputa. O valor empenhado (compromissado para posterior pagamento) para os dois partidos corresponde a 36,5% do valor global empenhado nas emendas individuais.
Como a liberação de emendas num valor tão expressivo para a oposição não é comum, a ONG sugere que isso pode confirmar os rumores de atuação do governo em prol de Chinaglia, que não tem bom trânsito na oposição. No período de 16 de dezembro a 5 de janeiro, as emendas parlamentares empenhadas favoreceram, principalmente, aos políticos do PSDB, que receberam R$ 19 milhões, seguidos pelos do PFL, com R$ 15,4 milhões. Bem atrás estão os do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com R$ 13 milhões, e os do PMDB, com R$ 11,6 milhões. Parlamentares de outros partidos receberam R$ 35,1 milhões dos R$ 94,3 milhões empenhados.
AGÊNCIA O GLOBO