| 10/01/2007 16h02min
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato à reeleição, afirmou nesta quarta-feira que seus adversários querem ganhar a disputa por WO, graças à desistência do oponente. Segundo Rebelo, o apoio de parte da bancada do PMDB ao líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), "não foi um gol, mas um arremesso manual".
Dos 89 deputados do partido, 64 participaram da votação de terça-feira, e 46 apoiaram o petista.
– Soube que ontem, logo depois da reunião do PMDB, alguns líderes da campanha de meu adversário tomaram a iniciativa de pressionar pela desistência de minha candidatura. Isso indica que meus adversários querem vencer por WO. Não querem adversário em campo. Querem a volta olímpica sem jogo. De minha parte, asseguro que isso não vai acontecer. Haverá concorrente em campo no dia 1º de fevereiro. A eleição vai ser decidida em plenário – afirmou.
Rebelo desabafou a interlocutores que não gostou das declarações de Chinaglia e dos deputados Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e Eliseu Padilha (PMDB-RS), de que ele deveria desistir da reeleição. Embora não tenha mencionado nomes, o recado teria sido para esses deputados. Ele estava contrariado e rebateu a articulação do grupo que apóia Chinaglia de pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o convença de recuar de sua decisão de disputar à reeleição.
O deputado não acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pedido do PT e do PMDB, interceda para que retire sua candidatura.
– O presidente me conhece muito bem e sabe que não aceitaria esse tipo de pedido. Não acredito que o presidente aceitaria esse tipo de proposta – disse ele, para em seguida amenizar a vitória de Chinaglia no PMDB:
– O jogo está apenas no início. O que ocorreu ontem não foi nem o primeiro gol. Foi um arremesso manual.
Após a derrota, Aldo agarra-se agora à oposição e à esperança de defecções no PMDB, na votação secreta, para manter sua candidatura.
– Continuo na luta, como o tigre contra o elefante. O elefante é grande e pesado, mas não tem a mobilidade do tigre. Se o tigre não parar, vai ferir e cansar o elefante até derrotá-lo – disse Aldo, em referência a uma citação do líder comunista Ho Chi Min.
No início da noite, assim que acabou a reunião do PMDB, Chinaglia comemorou. Tanto ele como o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), ressaltaram que o apoio do partido ao petista fazia parte de um acordo em que o PT assumiria o compromisso de apoiar um candidato peemedebista para a presidência da Câmara para o biênio 2009/2010.
– Eu me sinto mais fortalecido, não só pelo peso numérico do PMDB, mas pelo peso político – disse Chinaglia, que chegou a brincar:
– Com o PMDB se incorporando à minha campanha, vou ter tempo para cortar o cabelo.
Para o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), o apoio do PMDB a Chinaglia é essencial para sua candidatura deslanchar. Porém, admitiu que a decisão não garante a eleição do petista. Segundo Berzoini, os votos do PMDB são "importantíssimos", mas ainda falta a manifestação dos demais partidos da base aliada.
Já o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que lidera o chamado grupo alternativo de parlamentares, anunciou que lançará um candidato na próxima terça-feira. Para Jungmann, o apoio do PMDB a Chinaglia não inviabiliza uma terceira via. Os possíveis nomes são dos deputados Chico Alencar (P-Sol-RJ), Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Luiza Erundina (PSB-SP).
AGÊNCIA O GLOBO