| 04/12/2006 15h36min
O ministro de Economia do Uruguai, Danilo Astori, lamentou a "indiferença" do Brasil diante das reivindicações uruguaias no Mercosul, e afirmou que as relações entre seu país e a Argentina estão "em seu pior momento em 15 anos".
O ministro uruguaio disse que veria com bons olhos "algum gesto" do Brasil para reduzir as assimetrias dentro do Mercosul.
– Escuto há muito tempo que o Brasil vai levar em conta as reivindicações uruguaias, mas até agora não vi nada ser concretizado – afirmou o ministro da Economia.
Astori afirmou ainda que "é preciso melhorar a situação atual do Mercosul", piorada pela recente disputa entre Argentina e Uruguai, relativa à construção de uma fábrica de celulose às margens do Rio Uruguai.
– Fico preocupado com a atitude do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, em relação às fábricas de celulose, mas não quero colocar mais lenha na fogueira. É preciso ter muita paciência e apelar ao direito e ao diálogo. Vivemos atualmente o pior momento dos últimos 15 anos em nossas relações com a Argentina – disse Astori.
O governo argentino e moradores da província de Entre Ríos se opõem à construção de uma fábrica de celulose da empresa finlandesa Botnia nas margens do rio Uruguai, limite natural entre os países, com o argumento de que causará danos ao meio ambiente, o que é negado pelo governo uruguaio e pela companhia.
O conflito levou à apresentação de uma ação judicial no Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) de Haia, por parte da Argentina, e no Tribunal Arbitral do Mercosul, por parte do Uruguai. Além disso, um enviado da Espanha está tentando mediar o diálogo entre os dois países, a pedido da Argentina.
A empresa espanhola Ence tinha prevista a construção de outra fábrica de celulose na mesma região, mas suspendeu o projeto, e analisa situá-lo em outro local do Uruguai.
AGÊNCIA EFE