| 20/11/2006 18h33min
Uma análise secreta realizada pela CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) em torno da capacidade nuclear iraniana revela que não há provas conclusivas sobre a existência de um programa nuclear secreto. A informação foi divulgada no último número da revista New Yorker.
– A CIA não encontrou provas conclusivas de um programa secreto de armas nucleares no Irã que esteja em andamento de forma paralela às operações civis (nucleares) sobre as quais o Irã informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – aponta o artigo.
Os agentes da CIA registraram essa conclusão em uma minuta secreta com informação de inteligência reunida por satélite e com outras "provas empíricas", como os testes feitos com amostras de água para medir sua radiatividade, e com colunas de fumaça de fábricas e instalações energéticas. Fontes de inteligência citadas pela revista afirmam que a CIA também recebeu informação proporcionada por aparelhos muito sofisticados de detecção de radiatividade colocados em locais estratégicos, perto das usinas nucleares iranianas, por agentes clandestinos americanos e israelenses.
No entanto, "não foram encontradas quantidades de radiatividade significativas", afirma o artigo, escrito pelo famoso jornalista investigativo dos EUA Seymour Hersh. Segundo ele, a Casa Branca não deu muita atenção às conclusões da CIA e teve uma reação até hostil ao recebê-las, pois não concorda com sua convicção de que o regime iraniano esteja produzindo uma bomba nuclear.
O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, e seus colaboradores mais próximos "não levaram em conta" a análise da CIA, na qual se alertava que seria um erro pensar que o fato de as investigações não terem encontrado um programa nuclear secreto significa que as autoridades iranianas conseguiram escondê-lo bem.
As fontes citadas pela revista afirmam, no entanto, que alguns na Casa Branca, inclusive o próprio Cheney, acreditam que a falta de provas significa que o Irã deve ter um programa nuclear secreto.
A Casa Branca reagiu por meio de sua porta-voz, Dana Perino, que afirmou que o texto publicado pelo New Yorker é mais um "equivocado" de "uma série de artigos imprecisos sobre a administração" do presidente George W. Bush.
– A Casa Branca não irá dignificar o trabalho de um profissional que degradou brutalmente nossas tropas e cujos artigos se baseiam freqüentemente em falsidades para justificar suas próprias opiniões radicais – atacou Perino.
Seymour Hersh tem publicado várias informações sobre as relações Washington-Teerã, e já chegou a assegurar que o governo Bush quer se livrar pela força do atual regime iraniano e prepara uma suposta ação militar contra esse país.
– Acho que, a curto prazo, alguns temem que o presidente (Bush) decida passar à ação, como aconteceu no Iraque – disse o repórter e prêmio Pulitzer em declarações recentes à rádio BBC.
AGÊNCIA EFE