| 03/11/2006 16h00min
O técnico Trevor Graham já teve momentos de glória. Treinou grandes nomes do atletismo norte-americano, entre eles os campeões Marion Jones, Tim Montgomery e Justin Gatlin. Mas nos últimos anos, sua vida entrou em um redemoinho de acusações que culminaram com seu indiciamento na quinta, pelo envolvimento no escândalo de doping do laboratório Bay Area (Balco). Graham foi acusado de dar declarações falsas a agentes federais. Segundo a procuradoria federal, o técnico mentiu sobre suas ligações com o laboratório.
Graham deve ser julgado dia 16 e pode enfrentar até 15 anos de prisão, além de ter de pagar uma multa de US$ 750 mil caso seja considerado culpado. Em sua fase áurea, o treinador comandou uma equipe de dez atletas, incluindo Gatlin, co-recordista mundial dos 100m, que teve resultado positivo para testosterona em um exame realizado em abril.
O inferno de Graham começou por suas próprias mãos. Há três anos, ele enviou anonimamente uma seringa contendo uma substância, até então desconhecida, às autoridades antidoping norte-americanas. Durante os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, ele admitiu ter sido responsável pela correspondência e justificou o gesto afirmando que era "apenas um técnico fazendo a coisa certa na época". Ele não informou como conseguiu o material.
No mesmo ano, de acordo com o indiciamento, ele teria mentido em seu depoimento, negando que houvesse fornecido drogas para melhorar a performance de atletas. Em suas declarações, ele afirmou receber o material de uma pessoa identificada como "Fonte A", que o forneceria a atletas sob sua supervisão.
Graham nunca deu nome à tal Fonte, mas, de acordo com uma reportagem do The New York Times de julho, o ex-arremessador de discos mexicano Angel Guillermo Heredia declarou ao grande jure que fornecia drogas de alta performance ao técnico, com quem trabalhava, e alguns de seus atletas. Por ter colaborado na investigação, Graham obteve o privilégio da imunidade. Mas o recurso não é válido para declarações falsas.
GAZETA PRESS