| 18/10/2006 09h03min
Sem lançar uma só proposta para a área cultural na reunião com artistas no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu equívocos de seu partido e disse que errou ao não ir aos debates no primeiro turno da eleição. Disse ter achado que a eleição já estava ganha:
– É tanto debate que eu tenho que participar. Quero ver no dia em que eu não for presidente, se vão continuar fazendo tanto debate – disse.
E seguiu:
– O segundo turno foi importante. Não fui a debate no primeiro turno, fiquei achando que já estava ganho. Gosto de debate. Já se criou o hábito de, quando eu não participo das coisas, botarem as perguntas sem resposta. É a coisa republicana dos meios de comunicação nesse país – afirmou, irônico, sendo interrompido por palmas.
Lula se encontrou com a classe artística logo após participar de um comício na Cinelândia, Centro do Rio. No Canecão, o presidente voltou a se comparar a Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Getúlio Vargas, Gandhi e citou um personagem novo: Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá.
– Há uma razão para me perseguirem, uma questão de pele. O mesmo aconteceu com o Barão de Mauá, que queria defender um país fora dos padrões que se tinha. Se fizeram isso com o Barão, quem sou eu, que não sou nem visconde, sou um torneiro mecânico.
Lula homenageou artistas que, nos momentos difíceis, o apoiaram:
– Existem companheiros que, nos momentos mais difíceis, vieram a público nos defender. A gente não pode deixar de citar companheiros como Wagner Tiso, que está aí, e Chico Buarque. Houve momentos que não foram fáceis.
Sobre o PT, disse:
– Nunca pensei que fosse ter tantos problemas com meu próprio partido. Foi um teste.
Ao rebater as críticas que tem recebido, afirmou:
– No Brasil criou-se a idéia de que o presidente da República não fica cansado, não conta piada e não bebe. Predominaram hipócritas e querem criar a imagem de um Deus.
Ele voltou a criticar seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Disse que Fernando Henrique tem falado mal da gestão petista em outros países, porque no Brasil não tem encontrado ouvidos para suas críticas. E atacou seu adversário na eleição, Geraldo Alckmin:
– Ele quer privatizar até um avião estatal.