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 | 02/10/2006 01h55min

Eleitores elegem mensaleiros e não votam em sanguessugas

Retornaram para a Câmara João Paulo Cunha e Valdemar Costa Neto

Os eleitores não perdoaram os parlamentares envolvidos no escândalo dos sanguessugas. Dos 64 deputados e senadores que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e foram candidatos, 56 deles (92,1%) foram derrotados nas urnas. Ao contrário dos sanguessugas, que foram rejeitados pelo eleitor, a maioria dos deputados acusados de envolvimento com o mensalão teve bom desempenho nas urnas e conseguiu se reeleger com folga.

A grande maioria dos sanguessugas passou longe do número necessário de votos para garantir o retorno e, de quebra, perderam o foro privilegiado para responder a prováveis processos judiciais

Apenas oito citados no caso conseguiram se eleger. Cinco deles, no entanto, começam o novo mandato já respondendo a processos de cassação.

Os eleitores do Rio e de São Paulo impuseram derrotas acachapantes aos sanguessugas. Todos os 10 candidatos fluminenses e os nove paulistas envolvidos no escândalo não conseguiram se reeleger.

Dos 12 parlamentares acusados de receber dinheiro do valerioduto e disputaram a eleição, sete conseguiram assegurar uma vaga na Câmara dos Deputados.

Em São Paulo, quatro envolvidos no escândalo foram reeleitos: João Paulo Cunha (PT), acusado de obter R$ 50 mil do esquema, conseguiu 177 mil votos e foi o petista mais votado; José Mentor (PT), também conseguiu se reeleger, com mais de 100 mil votos; Valdemar Costa Neto (PL), que confessou ter recebido R$ 6,5 milhões do caixa dois do PT e renunciou para fugir do processo de cassação, também obteve mais de 100 mil votos e voltará à Câmara; o quarto paulista citado no escândalo que conseguiu vitória nas urnas foi Vadão Gomes (PP). Assim como José Mentor e João Paulo Cunha, Vadão Gomes foi absolvido pelos colegas no Congresso.

Enquanto João Paulo Cunha lidera a lista de eleitos do PT, o relator do seu processo de cassação no Conselho de Ética, o deputado Cézar Schirmer (PMDB-RS), não foi reeleito.

O ex-presidente do PT José Genoíno, que deixou o cargo depois que vieram à tona as denúncias do mensalão, também foi eleito. Já o ex-líder do governo Professor Luizinho (PT) não conseguiu os votos necessários para continuar na Câmara.

No Pará, mesmo tendo sido acusado de ter recebido uma das maiores cifras do valerioduto (R$ 920 mil), Paulo Rocha (PT-PA) foi eleito com mais de 80 mil votos, tendo o melhor desempenho da Frente Popular Muda Pará. Rocha renunciou para escapar da cassação pouco depois de o escândalo vir à tona.

O deputado Sandro Mabel (PL-GO) se elegeu com o terceiro melhor desempenho em Goiás. Acusado de ser um dos operadores do mensalão pelo deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Mabel, que foi inocentado pelo Conselho de Ética por falta de provas, foi absolvido também pelos eleitores: teve mais de 108 mil votos.

José Borba (PMDB-PR), acusado de ter recebido R$ 2,1 milhões de caixa dois, teve sua candidatura impugnada porque seu partido não o incluiu na lista dos candidatos e, por isso, seus votos não foram computados. Borba tentou eleger sua ex-chefe-de-gabinete, Doutora Sebastiana (PRTB-PR), mas fracassou: ela não conquistou nem mil votos.

Já os parlamentares de Minas Gerais citados no escândalo não foram perdoados. João Magno (PT) e Romeu Queiroz (PTB), acusados de receber dinheiro das empresas de Marcos Valério, não se elegeram.

Dos outro sete deputados envolvidos diretamente no escândalo, três foram cassados – José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE) – e, por isso não puderam concorrer. Quatro desistiram: José Janene (PP-PR), que ainda não foi julgado pelo plenário da Câmara; Roberto Brant (PFL-MG); Bispo Rodrigues (sem partido-RJ); e Wanderval Santos (PL-SP). Os dois últimos também são acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.

Confira a apuração dos votos.

AGÊNCIA O GLOBO

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