| 27/09/2006 07h30min
– Você está me ouvindo bem? Aqui é o presidente Lula.
Uma ligação telefônica de 32 segundos, que se inicia com um toque de informalidade, é a nova arma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está usando desde ontem para sacramentar a eleição no primeiro turno.
Na gravação, Lula lembra algumas realizações do governo federal e pede o voto ao eleitor. O presidente cita números sobre as bolsas universitárias do ProUni e a transferência de renda do Bolsa-Família. Enumera resultados do governo, como a geração de emprego no setor da construção civil, e pede o voto dos gaúchos. No Rio Grande do Sul, cidades de médio e grande porte foram os alvos escolhidos para a nova tática.
Zero Hora recebeu ontem telefonemas de eleitores de Porto Alegre, Canoas e Gravataí contando terem sido surpreendidos pela ligação. Eles reclamaram do contato telefônico. É o caso de Paulo Junges, de Gravataí, e de Danielle Titton e Júlio César de Araújo Silva, ambos de Canoas.
– Eu estava trabalhando, todo suado, tive de vir correndo atender e vi que era a voz do presidente. Desliguei – conta Junges.
Apesar da reclamação, o comando nacional da candidatura de Lula não está desrespeitando nenhuma norma eleitoral. O telemarketing está liberado nas eleições de 2006, e é provável que o recurso se intensifique nos últimos dias de caça aos votos.
– É uma forma de pedir votos, uma mala postal eleitoral – explica João Heliofar de Jesus Villar, procurador regional eleitoral.
O coordenador da campanha do presidente Lula no Estado, Valdeci Oliveira, se disse surpreso com o início da ação, que está sendo coordenada pelo comando nacional da campanha petista. Valdeci não teme as reações negativas:
– É uma forma importante e simpática de levar a mensagem. Obviamente, não agrada todo mundo, o que também ocorreria se estivéssemos entregando panfleto na esquina.
A campanha de Olívio Dutra (PT) ao Piratini não está usando mensagens gravadas para abordar o eleitor. No início da campanha, Francisco Turra (PP) anunciou o plano de adotar a tática, mas a falta de dinheiro o obrigou a abortar a iniciativa. Em busca da reeleição, integrantes da campanha do governador Germano Rigotto admitiram a possibilidade de usar o telemarketing apenas no segundo turno da disputa.
ZERO HORA