| 05/09/2006 11h42min
O técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira anunciou hoje que, se sua contratação para comandar a seleção sul-africana de futebol gerar problemas, está disposto a fazer as malas.
– Não estou aqui pelo dinheiro – afirmou Parreira ao se apresentar hoje à imprensa sul-africana, quatro dias após chegar ao país para uma primeira visita antes de assumir de vez a equipe, no início do ano que vem.
Parreira, à frente do Brasil na fracassada campanha no Mundial deste ano, foi contratado em 16 de agosto para um período de 46 meses. Ele será o 14º treinador a comandar a África do Sul desde 1992, após o Apartheid, quando o país começou a participar de competições internacionais.
A missão do treinador é preparar uma equipe que não consegue bons resultados internacionais há anos para o Mundial de 2010, para que não faça feio na condição de anfitrião.
A polêmica surgiu quando foi anunciado o salário de Parreira: ele receberá 1,8 milhão de rands por mês (US$ 257.000) - quantia maior do que o presidente do país, Thabo Mbeki, recebe anualmente.
– Se isso é um problema, estou pronto para ir embora agora mesmo – disse Parreira aos jornalistas quando perguntado sobre esta polêmica em sua primeira entrevista coletiva, num hotel da cidade de Johanesburgo.
O treinador confirmou que, apesar de começar a comandar a equipe apenas no dia 1º de janeiro, fará um acompanhamento da seleção nos partidos das eliminatórias para a próxima Copa Africana de Nações, que acontece no ano de 2008 em Gana.
– Não quero interferir no trabalho do atual treinador – destacou Parreira, em menção ao técnico interino Pitso Mosimane.
Por enquanto, o resultado foi decepcionante: na estréia das eliminatórias, os sul-africanos empataram sem gols com a República do Congo, um país com pouca presença na história do futebol africano.
Sobre sua missão, Parreira se comparou a um minerador, afirmando que precisa polir os diamantes do futebol do país, mas quer estrutura para isso.
– Se os diamantes continuarem embaixo da terra e o maquinário não estiver pronto para tirá-los de lá, não como cumprirmos o objetivo – disse Parreira, de 63 anos.
O técnico falou também sobre alguns jogadores que tentam evitar a seleção por compromissos pessoais ou com seus próprios clubes, fazendo uma chamada ao sentimento patriótico, pouco difundido entre os jogadores sul-africanos.
– Se um jogador não estiver pronto para dar seu coração e alma à seleção com vistas à Copa do Mundo, não é bom pra mim nem para a torcida – reiterou Parreira.
O treinador disse que não chegará à África do Sul para impor o estilo brasileiro, porque os africanos devem jogar como africanos, mas disse que um de seus desafios será o de tentar incentivar a presença do futebol do Brasil no mundo todo.
– O Brasil exporta 5.000 jogadores por ano a todos os países do mundo e outros tantos estão prontos para ocupar os lugares deixados nas equipes locais – lembrou Parreira.
AGÊNCIA EFE