| 30/08/2006 17h20min
Um dia após o lançamento do programa de governo para o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dizia que o presidente recebeu uma "dupla herança negativa" do governo do PSDB e do PFL, Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltaram a criticar o governo passado. O presidente aproveitou o seminário de biocombustível, nesta quarta-feira, para dizer que a política energética de Fernando Henrique Cardoso teria levado o país ao apagão em 2001.
– Passamos 20 anos com a economia brasileira se arrastando, mais ou menos como o xaxado. A verdade é que arrastava só um pé, porque se levantasse gastava muita energia. A conseqüência só veio aparecer em 2001, quando o país, potente, vendido com galhardia em vários países do mundo, foi vítima de um apagão, que pouca gente esperava – disse Lula.
No mesmo evento, Dilma Rousseff disse que Lula recebeu o país com uma situação macroeconômica caótica e passou o primeiro ano fazendo as reformas necessárias ao país. Segundo a ministra, primeiro foi preciso fazer um grande esforço na área tributária, concentrando-se na reforma da Previdência, antes de começar a fazer desonerações como na construção civil.
No entanto, Dilma disse que as críticas não eram dirigidas ao PSDB e ao PFL, mas sim, ao quadro econômico encontrado.
– Acreditamos que nós temos, em termos de programa de governo, uma clara avaliação crítica de como recebemos a economia. Não estamos criticando o PFL ou o PSDB. Estamos criticando uma situação que o país passava e que nós não escolhemos – disse.
Segundo a ministra, quando Lula assumiu o governo, havia um risco-país explosivo, inflação alta e problemas na área de energia. Dilma, que assumiu o Ministério de Minas e Energia com a posse de Lula, disse que as empresas do setor energético estavam endividadas e que o mercado atacadista de energia não funcionava.
– Nós assumimos o governo em 2003 em um situação precária. Então, ao constatar esta realidade, não estamos fazendo crítica nenhuma. Estamos simplesmente relatando as condições nas quais o governo assumiu. Qualquer governante que assumisse em 2003 enfrentaria uma situação, do ponto de vista da macroeconomia, caótica, e, do ponto de vista da microeconomia, um problema sério – disse a ministra, ao ser perguntada sobre as críticas do programa de governo para um eventual segundo mandato de Lula, lançado terça-feira.
Caciques tucanos e pefelistas reagiram com irritação ao programa de governo divulgado pelo PT. E o almoço de adesão de empresários, artistas e esportistas à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, terça-feira, no Jockey Clube de São Paulo, foi palco de uma alteração no tom do discurso tucano. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o próprio Alckmin atacaram com firmeza o tema da corrupção, chamando os eleitores para "expulsar vendilhões" e "atear fogo" à campanha.
AGÊNCIA O GLOBO