| 22/08/2006 12h04min
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), fez na manhã desta terça-feira a leitura da abertura dos processos contra 67 deputados citados no relatório preliminar da CPI dos Sanguessugas. A partir deste momento, os processos já estão instaurados e os deputados não têm mais a prerrogativa de renunciar para evitar o risco de cassação e da perda dos direitos políticos.
O relatório da CPI citou 69 deputados, mas dois renunciaram para evitar a cassação. Coriolano Sales (PFL-BA) renunciou no último dia 15 e Marcelino Fraga (PMDB-ES) deixou seu cargo ontem. Se eles forem reeleitos em outubro, no entanto, os processos contra os dois podem ser reabertos na nova legislatura. Dos 67 deputados que serão investigados, dez já desistiram de disputar a reeleição. Além da abertura desses 67 processos, Izar anunciou a abertura de processos contra os deputados B.Sá (PSB-PI) e Domiciano Cabral (PSDB-PB). O deputado José Otávio Germano (PP-RS) será o relator dos dois processos. B.Sá é acusado de negociar propina com um funcionário da OAS, construtora encarregada das obras da barragem de Poço Marruá, no Piauí. Domiciano Cabral teria proposto ao sogro, dono da construtora Cojuda, que fizesse negócios com o Ministério dos Transportes, com promessa de vantagens financeiras para os dois. O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), confirmou ontem que vai instalar os processos contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES), citados no relatório preliminar da CPI. Em treze anos, o Conselho de Ética do Senado só cassou um parlamentar. A expectativa do presidente do Conselho de Ética do Senado é de que os trabalhos estejam concluídos para serem ou não encaminhados para o plenário da Casa entre os dias 23 e 24 de setembro, antes das eleições. Ele disse acreditar que, assim, o conselho dará à sociedade uma satisfação acerca do escândalo. Já o vice-presidente do conselho, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), entende que o ritmo das apurações deve ser o que leve "à verdade". Demóstenes Torres foi escolhido nesta segunda-feira por João Alberto para relatar um dos processos contra os suspeitos. O presidente da comissão disse, ainda, que oficializa o nome dos relatores dos processos na próxima quarta-feira, às 10h, na reunião do Conselho. Ele ainda está lendo as defesas apresentadas pelos três senadores. – O Senado nunca deu mau exemplo. Vamos apurar com equilíbrio e quem tiver culpa terá de pagar por seus erros –, disse João Alberto depois de uma reunião com Demóstenes. João Alberto explicou que, a partir da designação dos relatores, os processos são formalmente abertos e os três senadores não poderão renunciar sem perda dos direitos políticos por oito anos. - Na verdade, desde que os senadores receberam notificação para apresentarem defesa prévia, os processos estão abertos e não cabe mais a renúncia sem perda dos direitos políticos. Só tem de se defender quem já está sendo acusado –, argumentou Demóstenes. Os três senadores acusados de envolvimento com a Máfia dos Sanguessugas tiveram um prazo até esta segunda-feira para apresentarem suas defesas escritas. O senador Ney Suassuna foi o último dos três senadores a apresentar sua defesa, já na tarde desta segunda, fim do prazo estipulado pelo senador João Alberto. AGÊNCIA GLOBO