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 | 04/08/2002 20h19min

Agroindústria catarinense teme alta do milho

Superprodução de suínos, queda no preço das aves e escassez do cereal ameaçam setor

A alta do milho, aliada à desvalorização do real e à falta de interesse dos produtores do cereal nos contratos de opção para venda futura, está preocupando os criadores de suínos e aves de Santa Catarina.

A valorização da moeda norte-americana eleva os preços da soja e torna atrativa as exportações de milho, os dois principais componentes da alimentação de suínos e aves.

Há um ano o milho estava cotado a R$ 10 e a soja a R$ 22 a saca. Hoje, o milho custa R$ 14,50 e a soja, R$ 32 (acréscimo de 45%). Já o quilo do suíno no período caiu de R$ 1,22 para R$ 1,12 e, o do frango, de R$ 0,94 para R$ 0,83.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Clair Dariva, disse que a situação é altamente preocupante. Ele afirmou que com os atuais patamares do milho, o preço do suíno deveria estar acima de R$ 1,50, pois os custos de produção giram em torno de R$ 1,35. Ele acredita que se a situação persistir haverá desistência de alguns produtores.

Dariva disse que um dos agravantes da crise é que enquanto Santa Catarina aumentou a produção de suínos em 6% este ano, o Rio Grande do Sul ampliou em 13% e, o Paraná, em 18%. A expectativa é que a produção nacional atingirá 2,3 milhões de toneladas de suínos, para um consumo interno inferior a 1,9 milhão de toneladas e exportações de 300 mil toneladas, com uma sobra superior a 100 mil toneladas. Para Dariva, a solução é reduzir os plantéis como já vem ocorrendo no Oeste catarinense.

O diretor de suprimentos da Seara Alimentos, Arene Trevisan, disse que a única certeza no momento é que os produtores de cereais vão conseguir uma boa remuneração no próximo ano.

Trevisan disse também que os suinocultores e avicultores vão ter que se adaptar a novos custos de produção, voltados ao mercado externo e não mais somente ao mercado interno. Ele acredita que com a alta do dólar poderá ocorrer uma evasão de mercadorias, inclusive milho. Ele acredita que isso, no entanto, estimulará uma boa produção do cereal.

Trevisan encara com naturalidade a pouca procura por contratos de opção, por não ser um mecanismo de uso tradicional pelos produtores do Sul. O diretor demonstrou preocupação com a viabilidade do setor de produção de carnes caso a turbulência do dólar continue elevando os custos. Ele afirmou que alguns produtores menos preparados podem ser vítimas dessa crise.

DARCI DEBONA / DIÁRIO CATARINENSE
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