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 | 14/08/2006 21h05min

Partidos querem apressar processos de cassação de sanguessugas

PPS, PV e P-Sol entrarão com representação no Conselho de Ética

PPS, PV e PSOL decidiram entrar diretamente no Conselho de Ética da Câmara com representação contra os 69 deputados acusados pela CPI dos Sanguessugas de terem se beneficiado do esquema da máfia das ambulâncias. Em nota divulgada nesta segunda pelo PPS, os presidentes dos três partidos informam que assinarão nesta terça a representação e devem encaminhar o pedido de abertura de processo ao Conselho de Ética na quarta. Com isso, a expectativa é que os processos de cassação tramitem mais rapidamente.

A decisão dos partidos praticamente torna inútil a reunião desta terça da Mesa Diretora da Câmara, que vai discutir o encurtamento dos prazos para análise das denúncias contra os parlamentares na Corregedoria. Com a decisão de entrar diretamente no Conselho, o processo pode ser aberto sem a análise da comissão de sindicância da Corregedoria.

Assim, a tramitação dos processos será a seguinte: depois da entrega da representação no Conselho, elas seguem para a Mesa, que numera cada uma delas e as devolve ao colegiado. A partir daí, é formulado termo de instauração, em que o parlamentar não poderá mais renunciar ao mandato para preservar os direitos políticos. Para não ficar inelegível, o parlamentar tem que renunciar antes da abertura do processo.

Sem a representação dos partidos, a Mesa Diretora daria prazo de cinco sessões para cada parlamentar se defender na Corregedoria e teria que notificá-los para apresentar defesa, para só depois decidir quais iriam para o Conselho de Ética.

Nos partidos, há pressão para decidir o que fazer com os 72 parlamentares que tiveram processo de cassação proposto pela CPI dos Sanguessugas. Nesta terça, a comissão de ética do PSB vai instalar processos internos contra os quatro parlamentares envolvidos no esquema.

No PMDB, o líder do partido no Senado, Ney Suassuna (PB), decidiu se afastar da função até o fim das investigações sobre o seu suposto envolvimento no escândalo. Acusado de receber mais de R$ 240 mil de propina em troca da apresentação de emendas ao Orçamento para compra de ambulâncias superfaturadas, o senador também vai se afastar do Conselho de Ética, onde deve enfrentar a processo de cassação.

O dinheiro teria sido depositado pela máfia das ambulâncias na conta de Marcelo Carvalho, assessor do senador, a quem Suassuna acusa de ter atuado sozinho. Assume a liderança do PMDB o senador Wellington Salgado (PMDB-MG).

No PFL, deve ser definido o esquema de apresentação de defesa dos oito parlamentares citados no relatório. O responsável pela sindicância interna no partido será o presidente do PFL jovem, deputado João Roma.

Também nesta terça, a sub-relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas responsável por investigar o Poder Executivo fará sua primeira reunião na qual definirá o cronograma de trabalhos. O deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), um dos sub-relatores, afirmou que inicialmente serão solicitadas informações ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal de Mato Grosso.

– Todo esse trabalho deve ser feito com muita calma e tranqüilidade. Se nós começarmos convocando ministros, certamente vamos começar pelo caminho errado – disse Redecker.

AGÊNCIA O GLOBO
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