| 06/08/2006 12h54min
A Fundação Fazendo o Futuro, de Queimados, na Baixada Fluminense, existe apenas no papel, mas recebeu R$ 160 mil do Fundo Nacional de Saúde para comprar duas ambulâncias no final de 2004. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, no endereço da entidade funciona o escritório de campanha do candidato a deputado federal Zé Zacarias (PHS). Os veículos foram adquiridos da Planam, empresa acusada de chefiar a máfia dos sanguessugas.
A Alternativa Social, também de Queimados, recebeu R$ 120 mil do Ministério da Saúde, em outubro passado, para comprar uma ambulância UTI. A sede da entidade é uma pequena clínica privada que cobra pelos serviços e passa a maior parte do dia vazia. Segundo a recepcionista, a ambulância fica na casa da responsável, identificada como Alice. As duas entidades foram apontadas pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam, em depoimento na Justiça, como integrantes do esquema. Segundo o empresário, elas seriam ligadas ao secretário de Saúde do município de Japeri, Abner Peclat Barboza, conhecido como Leo Peclat. Segundo Vedoin, a Planam pagou 5% de comissão sobre o valor dos dois convênios (R$ 14 mil) a Leo Peclat. O secretário foi procurado pela reportagem da Folha de S.Paulo e chegou a marcar um encontro, mas cancelou a entrevista. O Ministério da Saúde informou que aprovou a prestação de contas da Alternativa Social porque a documentação estava em ordem. A da Fazendo o Futuro ainda não foi examinada. Disse ainda que a fiscalização "in loco" só ocorre quando há denúncia e quando o município é sorteado para sofrer auditoria da Controladoria-Geral da União. O tesoureiro da Fundação Fazendo o Futuro, Josué Barboza, disse que entidade não tem sede, mas funciona, e que usa a ambulância para levar doentes para fazer quimioterapia e hemodiálise. O presidente da Alternativa Social, Sérgio Chaveiro, disse que a compra da ambulância foi legal e nega que a entidade seja de fachada.