| 02/08/2006 11h19min
O comissário de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária da União Européia (UE), o belga Louis Michel, censurou hoje a desproporção da ofensiva israelense no Líbano, e ressaltou que, apesar de seu "legítimo direito" à defesa, Israel não pode "apagar Beirute do mapa".
– Israel tem o direito intangível de se defender, à legítima defesa, mas isso não lhe dá o direito de apagar Beirute do mapa, destruir sua infra-estrutura e aceitar efeitos colaterais dramáticos como os vistos em Qana e em outras partes –, afirmou Michel, em entrevista à rádio pública belga RTBF. Michel, que se referia ao massacre de mais de 50 civis em um bombardeio israelense contra a localidade libanesa de Qana, expressou sua "inquietação" pela incapacidade da comunidade internacional de transmitir sua oposição a esse tipo de acontecimento à sociedade israelense. – Li uma pesquisa que me preocupou. Ela indica que o povo israelense acredita poder ir até o final nesta operação. Isso significa que as reações que estamos fazendo não chegam até eles–, lamentou. Michel admitiu que o Hezbollah, organização extremista xiita cuja milícia luta contra as forças israelenses no sul do Líbano, "é um movimento que indiscutivelmente comete ações terroristas". – Israel é uma democracia (...), e de uma democracia espera-se que respeite o direito internacional humanitário, que tem como um de seus princípios fundamentais a proporcionalidade, que raramente está sendo aplicada neste caso –, acrescentou o ex-ministro de Exteriores belga. Michel disse também que "a opção militar escolhida por Israel há anos só levou ao aumento da violência e a menos segurança", e defendeu que somente "o diálogo e a negociação levará à segurança e a uma solução para o conflito". Os ministros de Exteriores da UE reivindicaram ontem o "fim imediato das hostilidades", mas, devido às reservas do Reino Unido e da Alemanha, entre outros, preferiram usar a expressão "cessar-fogo imediato". Michel considerou hoje que a declaração comum é suficientemente "clara", e elogiou a atuação do alto representante para a Política Externa da União Européia, Javier Solana, mas defendeu, em termos gerais, uma maior integração da diplomacia européia. – Se a Europa é politicamente fraca, isso se deve a certos Estados-membros da UE, que ainda não entenderam que a influência da Europa em prol de um mundo melhor requer uma maior integração européia –, afirmou. Sobre as palavras de Michel, o porta-voz da Comissão Européia Pietro Petrucci disse que a mensagem do comissário está em linha com a posição de conjunto do Executivo da UE, que, afirmou, reivindica o fim o mais rápido possível das hostilidades e o cumprimento do princípio de proporcionalidade. AGÊNCIA EFE