| 27/07/2006 08h14min
O porto olímpico da cidade de Qingdao, no leste da China, onde serão disputadas as provas de iatismo durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, foi tomado por milhares de famintas estrelas-do-mar, que estão causando aos criadores de moluscos um prejuízo avaliado em milhões de dólares.
Imagens da TV pública CCTV mostram milhares de estrelas-do-mar vagando por criadouros de peixes e arredores na busca de alimento. E parte da culpa é dos Jogos Olímpicos.
– Nos últimos anos fechamos centenas de hectares de tanques artificiais ao longo de 1.500 metros da costa de Qingdao, para criar um entorno mais favorável às competições. As condições de vida melhoradas aumentaram o número de criaturas marinhas, como águas-vivas e estrelas-do-mar – disse Guo Xintang, subdiretor de Pesca e Marinha de Qingdao.
As estrelas já começam a deixar de ser vistas como um simpático e curioso animal, passando a predadores temíveis. Pelo menos para os criadores de abalones, um dos moluscos mais caros e em maior perigo de extinção do mundo, além de um dos pratos preferidos das estrelas.
Para demonstrar a voracidade da estrela de mar, um piscicultor deixou um abalone sobre uma rocha. Imediatamente, dúzias de estrelas se lançaram sobre ele e pouco depois não restava nada além da concha.
– Lutamos dia e noite contra as estrelas-do-mar. Elas não saem da minha cabeça – disse ao China Daily o criador, que, segundo seus cálculos, já perdeu US$ 125 mil com a invasão Cientistas como Zhang Guofan, do Instituto Oceanográfico, vêem com outros olhos o estranho fenômeno que felizmente ajudará os pesquisadores a saber mais sobre o comportamento animal.
Enquanto isso, os criadores de abalones continuam procurando novos métodos para deter a invasão e salvar sua produção. O próprio Zhang recomenda a pesca artesanal, com redes.
O abalone é um produto que rende US$ 180 milhões anuais na Ásia e só na costa de Qingdao milhares de hectares são dedicados à sua criação. Usado na cozinha chinesa e japonesa, é um prato reservado aos consumidores mais abastados.
AGÊNCIA EFE