| 25/07/2006 15h51min
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, concluiu hoje sua visita a Israel e à Autoridade Nacional Palestina (ANP), onde voltou a falar sobre a necessidade de se obter um cessar-fogo permanente na região, que permita uma paz estável e duradoura.
– Necessitamos de uma paz duradoura e consistente para a região – disse Condoleeza à imprensa, após reunir-se com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, na cidade cisjordaniana de Ramala.
De acordo com a CNN, fontes políticas libanesas afirmaram que Condoleeza Rice propôs um plano ambicioso para a região. A proposta, apresentada com o intuito de auxiliar o governo libanês e estabilizar a situação, incluiria uma união de forças militares estrangeiras agindo no território do Líbano.
A secretária de Estado acrescentou que o governo americano está muito preocupado com "o sofrimento da população civil inocente em toda a região", e afirmou que devem ser feitos esforços para aliviar esta situação.
A visita foi marcada por protestos de diversos grupos palestinos, que decidiram hoje convocar uma greve geral em Ramala para protestar contra a presença de Condoleeza na região. Além disso, cerca de cem mulheres palestinas tentaram burlar as estritas medidas de segurança impostas pelas forças policiais da ANP, para protestar em frente à sede do governo contra a visita da secretária de Estado.
Sobre a crise do Líbano, Rice insistiu na necessidade de que se obtenha um cessar-fogo "que permita estabelecer a soberania do Governo" no sul do país, após a retirada do grupo xiita Hezbollah, segundo o estabelecido na resolução 1559 da ONU. Ela afirmou que os Estados Unidos "continuarão prestando ajuda humanitária ao povo palestino".
– É necessário que sigamos perseguindo o objetivo de estabelecer um Estado palestino, conforme foi estabelecido no Mapa de Caminho, que prega a existência de dois Estados (Israel e o Estado Palestino) vivendo um ao lado do outro, em paz e segurança – afirmou Rice.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu "o fim imediato" dos ataques de Israel contra Gaza e Líbano. Abbas afirmou que "a violência é o resultado natural da ausência de paz na região", e que continua tentando obter a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, seqüestrado em Gaza no dia 25 de junho por milicianos do grupo islâmico Hamas, mas disse que "Israel deve parar de agredir o povo palestino".
– Pedimos à senhora Rice que faça tudo o que for possível para frear esta situação – disse o presidente.
A secretária de Estado declarou esta manhã, em Jerusalém, que a violência no Oriente Médio deve ter fim, mas voltou a reiterar que qualquer acordo deverá ter garantias a longo prazo.
– É preciso acabar com a violência. Nosso coração está com o povo israelense, que sofre com ataques terroristas e lançamento de mísseis; estas não são atitudes aceitáveis em uma sociedade civilizada. Não pretendo retornar aqui dentro dos próximos meses; é preciso obter um acordo a longo prazo – afirmou, após reunir-se com o primeiro-ministro Ehud Olmert.
Olmert disse que seu país "continuará lutando, e não hesitará em utilizar os meios necessários, por mais duros que sejam, contra todo aquele que ameacem Israel". Em entrevista concedida na segunda-feira à noite ao lado da ministra de Exteriores israelense, Tzipi Livni, Condoleeeza disse que não deu nenhum prazo a Israel para encerrar a ofensiva militar, pois "o cessar-fogo em si não é o objetivo".
A viagem diplomática da secretária, que teve início na segunda-feira com uma visita não anunciada ao Líbano, precede a conferência internacional do chamado "Grupo do Líbano", integrado por França, Reino Unido, Itália, União Européia, Estados Unidos, Egito e Banco Mundial, que será realizada amanhã, quarta-feira, em Roma. Está prevista ainda a participação do secretário-geral da ONU, Kofi Annan; de delegações de vários Estados do Oriente Médio, incluído o próprio Líbano, e de delegações ministeriais de Espanha, Alemanha, Rússia, Canadá e Turquia.
O objetivo da conferência é buscar soluções para a crise humanitária no Líbano, e uma fórmula de acordo para ser proposta às partes envolvidas no conflito.
AGÊNCIA EFE