| 13/07/2006 23h18min
O jantar de lançamento oficial da campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo, na noite desta quinta-feira, começou com o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, pedindo um minuto de silêncio "pelas vitimas da violência em São Paulo, em condições mal explicadas".
O jantar foi dominado pela tensão provocada pelas declarações do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, e do candidato a governador de São Paulo pelo PSDB, José Serra. Eles acusaram o PT de ter vínculos com a facção criminosa que abala São Paulo. Antes mesmo do início do jantar, por volta das 21h, ministros e dirigentes petistas não escondiam a revolta com as declarações de Bornhausen e Serra e demonstravam preocupação com a possibilidade de o presidente Lula se exacerbar na resposta aos adversários durante o discurso que faria após o jantar. Para a maioria dos dirigentes petistas, as declarações lançaram o tom que a campanha eleitoral poderá ganhar a partir de agora. – Foi só o começo. Virá muito mais – reclamava o prefeito de Diadema e novo tesoureiro da campanha de Lula, José de Filippi Junior, em uma mesa com prefeitos petistas presentes ao Restaurante São Judas Tadeu. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, dizia estar "indignada" com a estratégia tucana em São Paulo. – Pessoas ligadas ao presidente mostram-se preocupadas com a possibilidade de Lula fugir do discurso previamente escrito para a ocasião e partir para o contra-ataque – disse Dilma, ao chegar ao restaurante. Segundo dirigentes petistas, o combinado é que apenas o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, reagiria aos ataques da oposição, inclusive com a adoção de medidas judiciais contra eles. Um dos primeiros convidados a entrar no salão de festas do restaurante para o lançamento da campanha pela reeleição de Lula foi o ex-presidente nacional do PT, José Genoino, candidato a deputado federal por São Paulo e suspeito de participar do esquema do mensalão, conforme denúncia da Procuradoria Geral da República. Em clima de campanha eleitoral, Genoino cumprimentava as pessoas em todas as mesas, mas se esquivava dos jornalistas. – Nem tenta falar comigo – disse aos jornalistas do Jornal O Globo. Outro petista acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, o deputado professor Luizinho, foi ao jantar e também ignorou os jornalistas. Os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Luiz Marinho (Trabalho), chegaram juntos no mesmo carro, ao lado do presidente da Previ, Sergio Rosa. Até às 21h, momento em que Lula ainda não havia chegado ao restaurante, os petistas tinham vendido apenas 1,8 mil dos 3 mil convites colocados à venda, ao custo de R$ 200 cada um, com a expectativa de arrecadar R$ 600 mil para o caixa da campanha que será administrado por José de Filippi. O brinde oferecido aos participantes do jantar foi deixado sobre as mesas: um pano estampado com a foto de Lula e a inscrição: "Eu jantei com Lula e apóio a reeleição". Sobre as mesas também havia adesivos com a frase: "Lula é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo". Dois telões divulgavam a todo instante imagens do presidente Lula, enquanto os convidados esperavam pelo presidente comendo polenta frita com frango a passarinho. Um automóvel Santana preto da Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos chegou trazendo duas pessoas que não quiseram explicar o uso de um carro oficial numa festa de lançamento político. AGÊNCIA O GLOBO