| 11/07/2006 20h49min
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), afirmou que o depoimento hoje da advogada Adriana Pellini Pedro confirmou a desconfiança da CPI de que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) coopta e intimida advogados, geralmente jovens, para que eles participem de ações do crime.
Em depoimento aberto, a advogada negou ter passado informações e protegido integrantes da organização, mas reconheceu que sente medo de falar em público por receio de ameaças à sua vida ou à sua família. Por causa dessa declaração, a sessão foi fechada ao público e à imprensa. O terceiro vice-presidente da CPI, deputado Neucimar Fraga (PL-ES), informou que a advogada revelou fatos importantes para o avanço na investigação de advogados que trabalham para o crime organizado. Por causa da colaboração, a CPI vai pedir proteção policial para a advogada e a sua família. Neucimar Fraga diferenciou os advogados que colaboram com a facção dos que são coagidos pelos criminosos. Na opinião do deputado, Adriana já foi cúmplice, mas agora está sendo vítima. A advogada foi confrontada com transcrições de gravações telefônicas feitas pela polícia em junho de 2005. Em uma das ligações, ela teria oferecido ao suposto líder do PCC Aristides Moura Júnior, o Perna, esconderijo em seu escritório após uma fuga. Adriana nega que tenha sido esse o objeto da conversa. Na versão da advogada, ela se limitou a abrigar o fugitivo em seu escritório enquanto se preparava para levá-lo de volta à polícia. As ligações seguintes estariam relacionadas a um caso de divórcio, de acordo com a advogada. As gravações revelam conversas nas quais ela passaria informações detalhadas sobre onde os criminosos poderiam assaltar o homem e a mulher divorciados após uma partilha de R$ 50 mil. Adriana reconheceu ter cometido um ato irresponsável e antiético. No entanto, ela disse saber que nada aconteceria a seus clientes, pois as informações eram falsas. De acordo com a advogada, ela forjou a conversa porque desconfiava que seu telefone estaria grampeado e queria comprovar o fato, alertado por um investigador. Na fita, a advogada teria mandado o criminoso ir atrás do cliente, que estaria na estrada a caminho de Patrocínio Paulista em um carro de determinada marca. O homem teria mudado o percurso, o que evitou o assalto. Em outra gravação, Perna reclama que a informação estaria errada, e então Adriana descreve as condições do escritório do cliente. A advogada disse que não teve acesso ao inquérito ao qual pertencem as fitas, mas negou que seja cúmplice da tentativa de roubo. Ela disse que não poderia revelar o nome do investigador que a alertou sobre o grampo, porque estaria sofrendo perseguição da polícia de Franca, sua cidade, em decorrência de uma denúncia de tortura policial contra um cliente. Moroni Torgan informou que a CPI pediu a quebra do sigilo fiscal e bancário de 15 advogados e pediu investigações sobre outros 34, todos de São Paulo. AGÊNCIA BRASIL