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 | 29/05/2006 07h10min

Rigotto: "Imagina Simon com Cristovam como vice"

Governador concedeu entrevista sobre uma possível aliança entre PDT e PMDB

Depois de assistir pela TV ao jogo entre Internacional e Cruzeiro, na tarde de ontem, o governador Germano Rigotto falou à Zero Hora em defesa da candidatura do senador Pedro Simon à Presidência pelo PMDB e da possível aliança do partido com o PDT e o PPS. Rigotto defende que o vice de Simon seja o senador Cristovam Buarque, pré-candidato do PDT à Presidência. Mas sabe que a batalha do PMDB vai bem além da busca de um vice. É preciso antes convencer o próprio partido a lançar candidatura ao Palácio do Planalto.

Leia a seguir um resumo da entrevista:

Zero Hora – O PMDB adiou de 11 para 29 de junho a convenção que decidirá sobre a candidatura à Presidência. O senhor apóia a manutenção da candidatura do senador Pedro Simon à Presidência nessas condições?

Germano Rigotto – A candidatura de Simon tem tudo para seguir. É um crime o que estão fazendo de tentar jogar para frente a convenção. Simon tem condições de ser a terceira via. Eu sabia disso, tinha convicção de que isso aconteceria, de que a candidatura de Lula e de Alckmin teriam dificuldades se aparecesse uma terceira via. Simon, pela figura ética que é, tem condições de ser a terceira via ao PT e o PSDB.

ZH – Mesmo tendo Garotinho como vice?

Rigotto – Garotinho não será vice de Simon.

ZH – E quem será o vice?

Rigotto – Será alguém de um partido com o PMDB. Tem o PDT e o PPS. Se Simon for confirmado como candidato, no meu modo de ver, o PDT já estaria junto. Falei com Cristovam (senador Cristovam Buarque, candidato à Presidência pelo PDT) sobre isso. O PDT já estaria se encaminhando para uma coligação com o PMDB. Eu disse a Cristovam que Simon é uma candidatura que tem tudo para ser a terceira via, mas que era fundamental que ter PDT e PPS junto. Imagine Simon com Cristovam como vice. Imagine o que isso representaria. Cristovam disse que isso dependia do partido, mas que ele jamais seria um empecilho para que isso acontecesse. Se fizermos uma coligação com PDT e PPS teremos uma candidatura que vai crescer por fora do PT e do PSDB.

ZH – Se Garotinho não abriu mão da candidatura à Presidência antes, por que abriria mão da vaga de vice agora?

Rigotto – Vai ter de abrir. Abre mão, sim. Garotinho, no fundo, sabe que a candidatura dele à Presidência foi inviabilizada. Ele sabe que a candidatura dele a vice não ajuda Simon. Não tenho a menor dúvida de que quando surgir a possibilidade de uma coligação, a candidatura de Garotinho caiu fora e entra um partido como o PDT, o PPS ou os dois, que formariam uma bela coligação. A candidatura de Garotinho é questão de tempo se tivermos uma coligação se confirmando, por exemplo, com Cristovam como vice de Simon.

ZH – Essa aliança nacional poderia ajudar sua candidatura aqui no Estado?

Rigotto – Não é uma questão minha, é do PMDB. Quem tem de conduzir isso é o PMDB. A convenção do PMDB deve acontecer no final de junho. O PTB está praticamente se encaminhando para uma coligação conosco. Na certeza disso, a preferência na indicação do vice é do PTB, claro. Agora, com Simon candidato, há possibilidade de uma vaga na chapa majoritária para o Senado.

ZH – A vaga do Senado está sendo guardada até a definição do PMDB nacional?

Rigotto – A vaga é de Simon. Se ele não for candidato à Presidência, é candidato ao Senado. Por enquanto não podemos negociar porque não temos definição de Simon. Dependendo do que acontecer, se a candidatura dele se consolidar, essa vaga terá de ser preenchida, e é claro que pode ser preenchida numa composição. Temos de respeitar a posição dos partidos que definiram candidatos. Estão aí Collares (Alceu Collares, pré-candidato do PDT), Turra (Francisco Turra, candidato do PP) e Yeda (Yeda Crusius, pré-candidata do PSDB). O tempo vai determinar como esse processo vai ficar.

ZH – O PMDB pode adiar a convenção estadual em virtude da indefinição nacional?

Rigotto – É uma decisão que a executiva tem de tomar, sempre acompanhando o que acontece na executiva nacional.

ZH - Essa demora na definição da candidatura à Presidência não é prejudicial ao PMDB?

Rigotto – Claro. Mas o processo eleitoral começa a partir das convenções. Até lá, tudo que está acontecendo não significa consolidação de alguma coisa. O ideal seria que o PMDB já tivesse definido o candidato à Presidência, mas isso não é problema. Essa candidatura tem toda a condição de crescer.

Zero Hora – No começo do ano, Simon aconselhou o senhor a renunciar ao cargo. Segundo ele, se o senhor tivesse renunciado, seria o candidato à Presidência. O senhor concorda?

Rigotto – Eu seria o candidato, sem dúvida. A partir do dia 31 de março eu teria continuado o trabalho de andar pelo Brasil, de mobilizar o partido. Mas aconteceu aquela consulta (a prévia informal do PMDB que indicou candidato à Presidência no dia 19 de março). Por mais que eu tenha vencido por dois votos contra um de Garotinho (Anthony, ex-governador do Rio de Janeiro), a fórmula que apareceu no Diário Oficial distorceu o resultado. Haveria eu e o Garotinho na convenção de junho. Teria de ter tomado no dia 31 de março a decisão de disputar com Garotinho na convenção e enfrentar os que não queriam a candidatura própria. Ainda havia a possibilidade de ocorrer uma reunião em abril que acabaria com a candidatura. Imagina eu renunciar ao mandato e em abril a candidatura ser rifada.

ZH – O senhor teve receio de renunciar?

Rigotto – Não é receio. É que não teve nenhuma pessoa que tenha dito que eu deveria renunciar naquele momento. Quando Simon falou foi lá atrás, no início do processo. No dia 31 de março, quando tomei a decisão de não renunciar, se Garotinho tivesse aberto mão da candidatura dele, não tenha dúvida, eu seria candidato, mas isso não aconteceu. Renunciar era muito complicado. Naquele momento ninguém me disse para renunciar, nem mesmo o senador. r.

IARA LEMOS / ZERO HORA

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