| 26/05/2006 18h32min
A tranqüila Weggis, na Suíça, viveu nesta sexta provavelmente o dia mais confuso de sua história, assustando os moradores. A cidade de apenas 4 mil habitantes registrou roubos, invasão de campo, prisões e agressões. As 24 horas da sexta foram mais violentas que as últimas décadas somadas, disseram pessoas do local.
Durante o treino da tarde da seleção, torcedores invadiram o campo, causando preocupação nos organizadores, que prometiam garantir sossego para as atividades da equipe. A CBF assegura, no entanto, que vai manter abertos os treinamentos para o público e não irá retirar a seleção de Weggis. Mas a segurança será reforçada no estádio.
As invasões não foram os únicos problemas. Durante a madrugada, um caminhão da Nike, patrocinadora do Brasil, teve seu vidro quebrado e 20 camisas promocionais foram levadas. A polícia local revelou que registrou a ocorrência e não escondeu que, pela primeira vez em anos, está sendo obrigada a utilizar toda a estrutura. A delegacia local, que só costuma funcionar duas vezes por semana, ganhou o apoio de policiais de outras cidades.
– Não consigo me lembrar da última vez que houve um roubo aqui, isso não é comum. São muitas pessoas visitando a cidade diariamente, mas temos policiais espalhados por todos os lugares e acredito que isso não acontecerá mais – afirmou o prefeito da pequena cidade, Kaspar Widmer.
Para completar o dia conturbado, dois computadores portáteis e uma máquina fotográfica foram roubados no Centro de Imprensa do Estádio de Weggis. Embora não digam abertamente, as autoridades não têm dúvida de que os furtos não foram de autoria de pessoas da cidade. Há milhares de visitantes na comunidade nesta semana, por causa da seleção – muitos brasileiros.
Weggis conta com cerca de 70 policiais trabalhando no evento. Outros 60 seguranças privados foram contratados e, nas redondezas da cidade, um pelotão da Polícia está de prontidão para eventuais protestos.
Na terça, Carlos Alberto Parreira alertou que, se a torcida atrapalhasse, poderia tirar o time de campo e levá-lo para outro lugar. Por enquanto, apesar dos incidentes desta sexta, a comissão técnica não cogita mudança.
– Não houve qualquer problema com a invasão, mas já tomamos as medidas necessárias e acredito que amanhã (hoje) esse fato não vai se repetir – afirmou Américo Faria, supervisor da seleção.
A primeira a invadir foi Sheila Soares, de Natal e que há dez anos mora nas redondezas de Zurique. Sheila correu até meados do campo e pulou sobre Ronaldinho, que fazia alongamento. Enquanto alguns jogadores aplaudiam, outros jogavam um colchão para cobrir Ronaldinho e Sheila.
– Eu disse para o Ronaldinho que sou louca por ele – contou.
Levada com algemas pela polícia, Sheila teve um ataque de asma dentro do camburão. A brasileira foi liberada depois de uma hora na delegacia da cidade. Outras quatro pessoas invadiram o gramado, gerando clima de tensão para os policiais locais, que tentavam evitar que fotos fossem tiradas.
Um dos invasores, do Kosovo, mordeu um policial ao ser preso e foi agredido. Depois de pagar multa, foi liderado. Questionado sobe a razão da violência, um dos policiais respondeu:
– Vocês acham que o Parreira vai gostar do que ocorreu?
Ronaldinho também ficou irritado com a situação. E, ao chegar perto da arquibancada para dar autógrafos, recebeu uma bolada no rosto de um torcedor que queria uma assinatura na bola. O atacante, então, largou tudo, virou as costas e saiu andando. Os jogadores da seleção levaram mais de uma hora para sair do local de treinamentos, esperando que a tensão diminuísse fora do estádio.
Agência Estado