| 26/05/2006 00h28min
Com mais apelo emocional e sem as superproduções do publicitário Duda Mendonça, o PT ressuscitou em seu programa partidário de rádio e TV o "Lulinha paz e amor" de 2002. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu em quatro dos 20 minutos do programa, com um tom abaixo de seus últimos discursos, sem fazer comparações nem críticas aos adversários e sob a legenda de "presidente de honra do PT". No fim do programa, Lula se insinua como candidato. O próprio presidente orientou o programa, ao lado de Ricardo Berzoini, presidente do partido.
Focado na educação, o programa faz um balanço positivo do governo e aponta a escola como meio de reduzir a fome e a violência. O novo publicitário do PT, Edson Barbosa, da Link, disse que o programa mostra o presidente como ele é:
– Paz e amor, sempre. Lula sempre foi assim, mesmo em seus momentos mais difíceis.
Na última parte do programa, após um balanço do governo, o presidente Lula afirmou:
– Os números que vocês viram neste programa mostram o tamanho do compromisso do nosso governo e do nosso partido com o Brasil. Fiquem com outros números na cabeça e uma comparação que vai deixar muita gente surpresa e talvez indignada: você sabia que o custo mensal de um preso em algumas penitenciárias brasileiras chega a ser 10 vezes mais alto do que o custo de um aluno no Ensino Fundamental e que é igual praticamente ao que o governo investe em cada aluno na universidade? – indaga o presidente.
Em seguida, afirma que existe uma distorção profunda nessa situação, sem citar a autoria do problema:
– Como corrigir um erro que já vem de muito tempo? É preciso investir na área certa, na hora certa e de maneira certa. E evitar depois gastar na coisa errada, ou seja, transformar a educação de fato na prioridade de todos os governos. Essa tem sido a nossa luta. Não canso de repetir que quando se abre uma escola hoje estamos evitando abrir uma cadeia no futuro.
Com uma trilha musical produzida para realçar aquele momento, o presidente afirma, demonstrando emoção:
– Eu estudei menos do que gostaria, mas com esforço consegui fazer um curso profissionalizante. Não pude cursar a universidade e talvez por isso eu queira ser o presidente que mais levou educação ao Brasil. Fico feliz quando vejo muitos jovens hoje com mais oportunidades, mas sei da tristeza de muitos pais que vêem seus filhos correndo o risco de ficar no meio do caminho ou no caminho da marginalidade.
Lula, sem candidatura formalizada, termina insinuando a importância da sua reeleição:
– Sabemos que muita coisa ainda precisa ser feita. Meu compromisso é com os que mais sofrem. O objetivo do nosso governo é diminuir ao máximo a injustiça e a desigualdade. E para isso é preciso, entre outras coisas, colocar mais alunos nas escolas para evitar colocar mais grades nas cadeias.
Também falam no programa o ministro da Educação, Fernando Haddad, que frisou as mudanças promovidas "pelo governo do PT", assim como o ex-ministro Jacques Wagner (Relações Institucionais), candidato ao governo da Bahia, e o senador Aloizio Mercadante, candidato ao governo de São Paulo.
O novo publicitário disse que o programa foi produzido sem adjetivos sobre os adversários e em tom "substantivo". Segundo Barbosa, a idéia era fazer um programa propositivo, sem tocar diretamente na onda de terror que atingiu São Paulo:
– O agressivo não "pega". Nossa orientação é apontar para a frente. E não é por estratégia, mas por realidade.
AGÊNCIA O GLOBO