| 12/05/2006 11h08min
Líder da bancada evangélica, o deputado Adelor Vieira (PMDB-SC) destinou, em 2005, R$ 560 mil para compra de cinco ambulâncias e uma unidade móvel à Sociedade de Assistência Social e Educação Deus Proverá, entidade ligada à sua igreja, a Assembléia de Deus.
A verba foi proveniente de emenda individual do orçamento. Adelor é um dos 81 parlamentares citados na lista de suspeitos de envolvimento no esquema dos sanguessugas. O documento está em poder da Polícia Federal (PF).
O deputado, porém, nega que tenha embolsado recursos destinados à área de saúde. Ele explica que, no seu caso, obedeceu o trâmite legal para a destinação de verba ao Estado. Só que ao invés de encaminhar o dinheiro diretamente ao município, prática comum entre os parlamentares, ele optou por escolher uma entidade de Joinville – sua principal base eleitoral.
Sob direção de Cleiton Pomering, um amigo da igreja, a instituição filantrópica firmou convênio com o Ministério da Saúde para o repasse da verba. Segundo o deputado, essa entidade, em regime de comodato, repassou ambulâncias para quatro entidades.
– Isso é comum. É complicado para cada município apresentar projetos ao ministério. Assim, a entidade realiza apenas um projeto e distribui as ambulâncias. Tudo foi aprovado pelo Ministério da Saúde – justifica-se Adelor.
À frente de seu primeiro mandato, e em franca campanha pela reeleição, Adelor garante que não faz parte da máfia dos sanguessugas, grupo de parlamentares integrantes de um esquema de superfaturamento na compra de ambulâncias.
Questionado, porém, reconhece que por algum motivo o seu nome foi parar nesta lista, provavelmente por alguma irregularidade no andamento do processo. Para o deputado, quem precisa dar explicações é o Ministério da Saúde.
– Se eu tenho emendas, se estou relacionado, não posso ser bobo, fugir da realidade. Alguma coisa aconteceu. Vou procurar saber o que foi – afirma.
O nome de Adelor apareceu pela primeira vez na lista que Maria da Penha Lino, uma ex-assessora do Ministério da Saúde, apresentou à PF em troca da delação premiada. Ela colocou no papel, na madrugada de quarta-feira, os nomes de 80 deputados e do senador Ney Suassuna (PB), líder do PMDB no Senado.
A Corregedoria da Câmara e a PF dependem de determinação do STF para começar a avaliar a nova listagem. Adelor, porém, já traça sua defesa prévia. Faz questão de afirmar que nunca pressionou nenhum funcionário do ministério para liberar recursos ou mesmo conhece qualquer dos envolvidos na máfia.
Apesar da forte relação com a bancada evangélica, Adelor diz ainda que nem mesmo mantinha relações próximas com o Bispo Carlos Rodrigues, ex-deputado preso pela PF, na primeira leva da Operação Sanguessuga.
CAROLINA BAHIA/AGÊNCIA RBS