| 11/05/2006 16h32min
A comissão de sindicância que apura denúncias contra deputados acusados de envolvimento em fraudes com recursos do Orçamento para compra de ambulâncias começa a tomar depoimentos na próxima terça-feira. A estratégia será ouvir primeiro os delegados e promotores que investigam o caso, além de algumas pessoas que já foram presas pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga, como a funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino.
A expectativa do corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), é encerrar essa fase ainda na semana que vem para, em seguida, convidar os 16 parlamentares que estão sob suspeita. A Corregedoria-geral já recebeu a transcrição do depoimento em que Maria da Penha aponta o envolvimento de 81 parlamentares no esquema. Ciro Nogueira destacou, no entanto, que as acusações precisam ser provadas.
– É um depoimento de uma pessoa que está presa. Temos que aguardar a Polícia Federal mandar os subsídios que ela indicou, o que tem de prova contra os parlamentares, para tomar a decisão de investigar – afirmou.
O corregedor criticou a divulgação de nomes de parlamentares que não têm envolvimento com o esquema e já pediu à Justiça cópia de toda a documentação relacionada ao caso, como a transcrição das escutas telefônicas. Segundo o parlamentar, é fundamental que as investigações terminem antes das eleições. Mas o relator da comissão de sindicância, deputado Robson Tuma (PFL-SP), lembrou que os poderes do grupo são limitados.
– Tem sempre um prazo de 30 dias que pode ser prorrogado. Eu espero terminar dentro do prazo, o mais rápido possível. Porém, não tenho poder de convocar ninguém, só de convidar – explicou Tuma.
Vários parlamentares defendem a instalação de uma CPI para apurar as denúncias levantadas pela Operação Sanguessuga. Os deputados Raul Jungmann (PPS-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ) começaram a recolher as assinaturas de apoio. Apesar disso, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o vice-líder do PSDB Alberto Goldman (SP) enfatizaram nesta quinta-feira a dificuldade para uma CPI realizar investigações em um ano com Copa do Mundo e eleições.
AGÊNCIA CÂMARA