| 31/05/2002 21h12min
O governo argentino anuncia neste sábado, dia 1º de junho, novas medidas econômicas, que incluirão alterações no corralito, o congelamento dos depósitos bancários que vigora desde dezembro de 2001. O decreto assinado na noite desta sexta-feira, dia 31 de maio, pelo presidente Eduardo Duhalde entra imediatamente em vigor, mas terá de ser enviado ao Congresso que poderá modificá-lo. Duhalde confirmou que será anunciado um "plano voluntário" para os correntistas de bancos, que diariamente protestam diante das agências pedindo a liberação dos seus depósitos.
Haverá a troca dos depósitos em fundos de prazos fixos por bônus de 10 anos (em dólar) e de cinco anos (em pesos). Um outro, com prazo de três anos (em dólares), vai ser entregue para os donos de contas correntes e poupanças. Os bônus poderão ser utilizados para a compra de carros e a construção de moradias.
O secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, disse que o anúncio oficial será feito ao meio-dia pelo ministro de Economia, Roberto Lavagna. Os argentinos terão 30 dias úteis para optar entre manterem-se dentro da reprogramação atual de depósitos ou mudar suas economias para algum dos tipos de bônus previstos.
Lavagna também deverá tornar públicas neste fim de semana as diretrizes do novo plano financeiro, que diferenciará o dinheiro novo, de livre disponibilidade, do dinheiro velho, preso nos bancos. Para isso, projeta-se a criação de contas bancárias e a emissão de talões de cheques.
Além de descongelar os depósitos, o que deverá reativar o consumo em um país que enfrenta recessão há quatro anos, o governo trabalha ainda com a idéia de negociar com os empresários o aumento dos salários no setor privado. Conforme documento do Ministério do Trabalho, seria de 100 pesos (US$ 26) e não causaria inflação adicional superior a três pontos percentuais. Na tentativa de frear o descontentamento social, Duhalde concordou que os trabalhadores "têm razão" ao pedir aumento de salários, depois de uma desvalorização de 270% e uma inflação de 30% nos primeiros cinco meses do ano.
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